08 de Maio



Celebração irlandesa da deusa Macha em sua tríplice manifestação de guerreira, esposa e rainha.
Chamada de “Rainha dos Fantasmas”, Macha às vezes era considerada uma metamorfose das deusas guerreiras Morrigan e Badb.
Antes da chegada dos celtas, ela era venerada na Irlanda nos templos de Emain Macha, em Ulster.
Sua voz enfeitiçava os homens nos campos de batalha, atraindo-os para seu escuro reino da morte.
Alguns pesquisadores equiparam Macha à deusa asiática Macha Alla ou Machalath, a senhora da vida e da morte e à deusa hindu Durga.

copiado de Teia de Thea

História de Macha, a Deusa-Rainha celta dos cavalos: 

Com uma narrativa repleta de ensinamentos para todos nós, já que envolve amor, cumplicidade, Soberania, confiança e poder.

No meio das andanças pela mitologia celta irlandesa, Macha desponta como uma complexa Deusa, a começar pelo fato do Leabhar Gábala Éireann apontar uma tripla identidade na Rainha eqüina.
Isso, sem deixar de mencionar o fato de ser Macha componente essencial de outra “lista tríplice” de entidades míticas, Mórrígan e Badb, confirmando o significado do triskle para a cultura celta, em termos de respeito ao simbolismo da Trindade (vida-morte-vida (renascimento)).

Eis, portanto, uma entidade complexa, dotada de múltiplas características e egrégoras contidas nas três personalidades, arquetípicas:
- A “primeira” Macha é a esposa do invasor Nemed, herói descrito no Lebor Gabála;
- A “segunda”, conhecida como Mong Ruadh (cabelos ruivos), é a viúva de um rei de Ulster, viajou para a Província rival de Connacht disfarçada de lebre.
- A “terceira” traz um deleite especial: é a história da própria Deusa encarnada que desposou Crunniuc Mac Agnomain.

Macha, segundo conta uma das lendas, é uma Deusa que preferiu viver entre os mortais. Teve como seu primeiro marido o líder Nemed, que morreu em uma batalha, narrada no "Leabhar Gabhála" (O Livro das Conquistas),
Macha governou a Irlanda por um bom tempo sozinha, até unir-se ao seu segundo marido Cimbaeth, que foi quem construiu o forte real de "Emain Macha".
 
 copiado de Casa Telucana

Mas foi com seu terceiro marido, Crunniuc que surgiu a lenda de sua maldição.




Eis o mito...

Em um passado remoto, cuja beleza é transmitida por gerações e gerações que atravessam o ciclo dos tempos, viveu na Irlanda setentrional Crunniuc Mac Agnomain, um rico senhor de terras, pai de quatro filhos desolado pela morte da esposa.
A vida, para ele, havia perdido muito do sentido, do colorido, e - sobretudo para um celta - da poesia.

Com o vazio ocupando o lugar do coração pulsátil da alma enamorada de outrora, Crunniuc deixou à míngua suas terras e sua morada: parte do gado definhou e morreu, quase toda a plantação secou e quedou estéril e o antigo lar do casal passou a abrigar apenas uma fantasmagórica sombra do que foi, em algum longínquo momento, o espelho da luz e do amor que embalava o jovem casal.

Em um final de tarde - quando o Sol acena um adeus descomprometido - Crunniuc, sentado em frente à sua casa, observou a aproximação da figura de uma formosa mulher, despontando no horizonte e estampando os céus com suas voluptuosas curvas. O agricultor já não conseguia mais discernir se a luz que vinha por trás da mulher era um feixe reticente do astro-Rei, ou se era o maravilhoso cabelo vermelho que adornava, em cachos, a cintura da maravilhosa figura: não importava, porque, ao final, sentia em seu peito – ora, quem diria! Enamorado outra vez! - o retumbante pulsar da paixão.

A exuberante mulher silenciosamente se aproximou de Crunniuc, selando a comunicação com o vazio das palavras: a ternura e o sentimento eram, ali, naquele momento, a linguagem entre eles.
Ela adentrou o lar e, numa familiaridade fora do comum, imediatamente começou a colocar tudo na ordem em que se encontrava antes, quando ali ainda habitava uma alma feminina.

Com muita calma, paciência e humildade, a mulher dirigiu-se até o canto da cozinha, pegou a vassoura que ali se prostrava coberta pelo pó da falta de uso – e começou a limpar o local.
Varreu, varreu, varreu e, de tanto varrer, baniu todo o passado que insistia em assombrar a alma solitária de Crunniuc.

Depois de tudo limpo, brilhante e revigorado, a bela ruiva acendeu o coração da casa e preparou o mais suculento jantar nunca antes degustado na Terra de Ulster.
Crunniuc se fartava, ainda sem entender direito o que estava acontecendo.
Satisfeito após o banquete de rei, Crunniuc deixou-se conduzir pela mulher até o quarto. Ele se deitou na cama e a mulher, após dar uma volta completa em torno da cama, selou, ao final, com Crunniuc, o encontro sagrado da deusa com o mortal.

Crunniuc prosperou como nunca...
Os campos verdejavam ao som da melodia harmoniosa que a mulher entoava em seus cantos ancestrais.
O gado, outrora magro e estéril, agora reproduzia o que a bela ruiva trouxera àquele homem: o esplendor da fecundidade, presente na barriga proeminente de cada animal das terras de Crunniuc.
O império de sombras e trevas, enfim, cedeu espaço à luminosidade que cingia a mulher e tudo que ela tocava.

A roda do ano girou na espiral do tempo de Crunniuc e, com isso, a felicidade se estabeleceu em cada pedaço de chão naquela morada entre-mundos.
Ele nunca indagou da formosa mulher sua origem, bem como jamais questionou o que ela fazia ali.
Apenas amou.
Amou e confiou naquela silenciosa mulher, depositando ali seu nobre coração.
Com isso, foi feliz, fez-se feliz, sentiu-se feliz e, coroando a felicidade, eis que a formosa mulher dos cabelos cor-de-fogo trouxe a Lua para seu ventre, brindando Crunniuc com a alegria de, dali a nove ciclos de lunação, ser pai.

Algum tempo depois, boas novas chegaram ao reino de Ulster, pois o rei convidara todos para um festejo do Rei Conchobar, no Condado de Armagh. Crunniuc prontamente respondeu ao chamado, sendo advertido por sua mulher:
“Você falará sobre nós durante as festividades e isso trará infortúnio para nossa morada. Não vá.”
O fazendeiro insistiu
- “Não proferirei uma só palavra” e, com isso, vestiu seu mais belo traje e se dirigiu ao festival.

Chegando lá, Crunniuc admirou-se diante da fartura e da riqueza coroando o refinado cântico dos bardos do Rei Conchobar.
Contente por estar ali, Crunniuc, sem perceber, ficou embriagado.
Ao escutar uma estrofe do trovador a respeito da velocidade dos cavalos do monarca – “Nunca antes foram vistos cavalos como esses. Não há em toda Irlanda animais mais rápidos que os cavalos do rei!” – Crunniuc antecipou-se e afirmou:
 “Minha esposa é mais rápida!” e, com essas palavras saindo ainda intrépidas de sua boca, foi levado à presença do rei.

“Prendam-no e tragam à minha presença a esposa, para que confirme o que esse homem acabou de dizer”- ordenou Conchobar aos mensageiros, que rapidamente dirigiram-se à casa de Crunniuc, encontrando a esposa no estágio final de gestação. “Ele falou levianamente” – afirmou a mulher – “Como podem ver, não posso ir com vocês porque estou prestes a dar à luz”, explicou aos mensageiros.
“Se a senhora não vier conosco seu marido será um homem morto” – advertiu um dos mensageiros.
Ouvindo isso, a esposa de Crunniuc não teve escolha: buscou seu casaco e foi ter com o Rei do Ulster.

Chegando ao festival, a jovem senhora de cabelos ruivos foi um espetáculo à parte, por conta da proeminência de seu ventre.
Gargalhadas encheram o local de sons estrondosos, que assustaram a esposa de Crunniuc.
Constrangida, humilhada e ameaçada, ela suplicou:
 “Não posso correr nesse estado! Os senhores devem ter mãe, por favor, tenham clemência!”.
Conchobar, impiedoso, desprezou completamente o pedido desesperado da mulher, ordenando aos soldados que trouxessem os cavalos, bem como Crunniuc, para que assistisse à corrida.

Já sentindo as dores do parto, a mulher colocou-se em posição de corrida e, tão logo foi dada a largada, não foi difícil para ela sair na dianteira, mantendo essa posição até o final da corrida: Crunniuc estava, com isso, salvo da morte iminente.

Logo que cruzou a linha de chegada, a esposa de Crunniuc entoou um lacerante grito de dor, ouvido por todos no Ulster, colocando-se em trabalho de parto e dando à luz gêmeos.
Ainda entorpecida pela dor, a mulher reuniu suas forças, voltando-se para todos, em altos brados:
“Desse dia em diante, durante cinco dias e cinco noites , por nove gerações, nos momentos em que todos os guerreiros do Ulster mais precisarem de suas forças, todos serão cometidos pelas mesmas dores de meu parto, pois Eu sou Macha, filha de Sainrith Mac Imaith , e para enaltecer meu nome, esse lugar será chamado, para sempre, de Émain Macha ”.

Dizendo isso, a Deusa retirou-se do local, levando seus filhos e deixando todos os convidados atônitos com a revelação de sua identidade.
Crunniuc nunca mais viu a Deusa ou os filhos, voltando, desolado, para suas terras, que nunca mais, a partir daquele momento, seriam prósperas como outrora foram, quando Macha lá habitava, trazendo luz e prosperidade ao lar e ao coração do fazendeiro.

Por Audrey Donelle Errin
(http://www.sagradosegredosdaterra.blogspot.com)

texto copiado de Templo de Avalon



Esta lenda surgiu na época em que o patriarcado começava a suplantar o matriarcado. 
Macha , através deste mito nos mostra que era suprema, mágica e hábil, mas o mito indica que mesmo com todos estes atributos, o Rei pode forçá-la a correr, demonstrando que a posição feminina já não era mais tão superior dentro da sociedade.
O período de fragilidade imposta pela Deusa, só nos faz entender que o conhecimento feminino pode enfraquecer os homens. 
Este período imposto pela Deusa, como forma de castigo, seria equivalente ao período menstrual de todas as mulheres.

Macha é símbolo da Soberania da Terra. 
Desrespeitar a Terra é desrespeitar a Natureza Criadora de toda a Vida.
Tamanho poder desta Deusa pode ser atestado pelo pequeno ritual que ela praticava ao deitar-se com Crunniuc. 
Ela antes, caminhava em círculo no sentido horário ao redor da cama para afastar qualquer mal. 
A Rainha Maeve também, antes de qualquer batalha, realizava um movimento circular no sentido horário para proteger-se dos maus augúrios.

Esta prática mágica é realizada em diversas tradições pagãs
Inclusive em algumas capelas cristãs e nascentes sagradas, devem ser primeiro circuladas para depois se obter o direito ao ingresso.

copiado de A Alta Sacerdotisa 


A Deusa Macha foi adorada na Irlanda mesmo antes da chegada dos celtas.
Ela é uma Deusa Tríplice associada com Morrigan a deusa da guerra e da morte.
É ligada também a Dana no aspecto de fertilidade da mulher.
Seu pai era o "Aed, o vermelho" e sua mãe era Ernmas (druida feminina).
Há diversas lendas que convergem à Deusa Macha.
Às vezes ela aparece como sendo pertencente à raça de Thuatha De Danann, mas em outras surge como uma rainha mortal.
Portanto, é normal a confusão à respeito do que realmente ela é.
Macha foi esposa de Nemed e consorte de Nuada; chamada de "Mulher do Sol". Ancestral do Galho Vermelho, é a Rainha da Irlanda, filha de Ernmas e neta de Net.
Seu corpo é o de uma atleta e seus símbolos são o cavalo e o corvo.
Macha está presente tanto no "Livro das Invasões" quanto nas lendas do Ciclo de Ulster. Esta deusa é uma deidade tipicamente celta, pois em dado momento ela parece ser suave e generosa, para em outro transformar-se em terrível mulher guerreira.
Em algumas fontes, Macha é citada como uma das três faces de Morrighan, a maravilhosa deusa da guerra, da morte e da sensualidade.
No "Livro das Invasões", a seguinte frase descreve esta triplicidade;

"Badbh e Macha, grandes poderes.
Morrighan que espalha confusão, Guardiãs da Morte pela espada,
Nobre filhas de Ernmas."

Nesse contexto, Macha é retratada como uma mulher alta e destacada, vestindo uma túnica vermelha e cabelos castanho-amarelados.
Estas três deusas esconderam o desembarque dos Thuatha de Dannan na Irlanda no início dos tempos.
Elas fizeram o ar jorrar sangue e fogo sobre os Fir Bolgs, aqueles que inicialmente se opuseram contra os Thuatha, e depois os forçaram a abrigá-los por três dias e três noites.
No "Livro Amarelo de Lecan", Macha é glosada como "um corvo, a terceira Morrighan".
Mas quem são as três Morrighan?

São:

Nemain - "frenesi", a que confunde as vítimas e espalha medo;
Morrighan - "Grande Rainha", a qual planeja o ataque e incita à valentia;
Macha - o corvo que se alimenta dos cadáveres em combate.

Está também associada a troféus de batalha sangrentos, como as cabeças recolhidas dos inimigos, chamadas de "a Colheita de Macha".
Esta sua ligação com a arte da batalha é reforçada pelo nome das Mesred machae, os pilares das fortalezas, onde as cabeças dos guerreiros derrotados eram empaladas.

Macha é também a deusa que guia às almas ao além-mundo.
Ela vive na terra dos mortos à oeste.
Antes de sua ligação com à morte, ela representava a quintessência das fadas.
É igualmente considerada uma deusa da água semelhante a Rhiannon e Protetora dos Eqüinos como Epona.
Está ainda, associada à deusa do parto, especialmente se este for de gêmeos.
 

texto copiado de Luciana Coda (fotolog)

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