Se existe algum herói irlandês comparável ao grego Héracles e que mereça ser lembrado por suas façanhas, este é sem dúvida o caso de Cuchulainn..
Suas aventuras, integradas dentro do que se conhece como o ciclo do Ulster, nos situam na Irlanda do primeiro século antes de Cristo e do primeiro século depois do nascimento de Jesus.
A lenda sobre ele contém algumas das descrições mais interessantes que chegaram a nós referentes aos princípios vitais que animavam os celtas da época, inclusive devido a seus fortes sentidos religioso, social e humorístico.
A parte mais importante de sua história - O Roubo do Gado de Cooley - foi comparada pelos especialistas em literatura épica as obras de Homero e é a mais antiga do estilo entre todas as disponíveis na Europa ocidental.
A história narra uma das principais atividades das tribos celtas naquela época: despojavam outras tribos de seu gado, que constituía a riqueza autêntica, e desprezavam a cobiça latina pelo ouro e pelas jóias, pois sabiam que não se podia comer tais materiais, utilizando-os apenas como adornos ou em sacrifícios aos deuses.
Por outro lado, eram capazes de lutar ate a morte pela menor de suas vacas, que lhes proporcionava comida, bebida e casacos.
As histórias de Cuchulainn são as do mesmo passado dos irlandeses, mas também dos escoceses, pois sua odisséia transcorre em ambos os territórios. Fazem parte de seu legado cultural e, por esse motivo, muitos avós que nunca estudaram formalmente o mito são capazes, ainda hoje, de relatar a seus netos com extraordinária vivacidade as aventuras e desventuras deste guerreiro - da mesma forma como a história foi contada um dia a eles por seus avós, geração após geração, numa cadeia que remonta mais de dois mil anos no tempo.
Um dos ciclos míticos celtas mais cheio de interesse, e no qual os seus protagonistas se transformam em heróis imortais, no sentido de que sobreviverão na tradição popular para sempre, tem lugar nos tempos de um legendário soberano que se supõe que desenvolveu as suas atividades pouco antes do início da nossa era. O seu nome era Conchubar, e tinha-se erigido em rei do Ulster depois de ter tirado o trono a Fergus, anterior soberano do citado reino.
Dado que aquele se tinha servido de diversas estratagemas e enganos para conseguir os seus propósitos, os partidários deste último não demoraram em reagir e, para derrocar Conchubar, destruíram a capital do Ulster.
No entanto, a descrição desta epopéia leva-nos a considerar a chegada à história das legendárias sagas de um dos heróis mais célebres da mitologia celta: trata-se de Cuchulainn.
Este travou cruentas batalhas com as suas armas invencíveis e jurou sempre fidelidade ao rei do Ulster.
Cuchulainn tem muito em comum com os heróis clássicos, com o próprio Aquiles - destacado protagonista da Ilíada, por exemplo.
O herói em questão nasceu da união entre um deus e uma mulher mortal e, assim, o seu pai foi a poderosa deidade Lugh, que podia chegar com os seus enormes braços -o termo Lugh significa "o dos compridos braços"- aos lugares mais afastados e recônditos.
A mãe de Cuchulainn foi uma irmã do rei Conchubar, pelo qual este era o tio dele.
O nome que impuseram ao herói ao nascer foi Setanta, mas, quando ainda não tinha feito os sete anos, já deu provas duma força sobre-humana, pois matou um cão sangüinário e de poderosas mandíbulas, que até a essa altura ninguém tinha conseguido vencer.
O amo do terrível animal era um ferreiro que se gabava da ferocidade do seu cão até que, numa ocasião que convidou o rei Conchubar para um banquete, este levou consigo o seu jovem sobrinho, que matou o, até a essa altura invencível, cão. O ferreiro chamava-se Culann e, pelo mesmo motivo, a partir de então, passaram a denominar o rapaz Setanta Cuchulainn, conceito que significa "o cão de Culann".
Era tanto o valor e a coragem de Cuchulainn, perante os seus inimigos, e aumentava tanto a sua fama de invencível de dia em dia que até os próprios deuses solicitaram a sua ajuda em várias ocasiões, para conseguir vencer outros deuses.
Como saiu vitorioso o bando em que Cuchulainn lutava, este foi convidado a permanecer entre os vencedores; deram-lhe todas as classes de presentes e até se lhe permitiu corresponder ao amor solícito da deusa Fand.
Mas, dado que Cuchulainn já estava casado com uma mulher mortal, decidiu abandonar a morada da bela deidade e regressar com os seus.
A deusa Fand, não obstante, entregou ao herói armas poderosas que sempre lhe outorgariam a vitória perante os seus adversários, fossem estes deuses ou criaturas mortais.
A mulher de Cuchulainn era filha de um célebre e poderoso mago que, em princípio, se tinha negado ao casamento desta com aquele.
Mas a donzela, de nome Emer, era tão bela que o herói decidiu raptá-la; para isso derrubou o castelo mágico onde o seu pai a tinha encerrado, e matou-o a ele e todos os que a guardavam.
Embora se tratasse de lutar contra um mago e o castelo estivesse protegido com sortilégios e feitiços, nem por isso se arredou o aguerrido herói Cuchulainn dado que, anteriormente, ele tinha sido iniciado no mundo da taumaturgia por uma prestigiosa maga que tinha a sua morada na região de Alba (Escócia). Antes de separar-se da sua habilidade, e uma vez que já o herói Cuchulainn conhecia já perfeitamente a arte do encantamento, derrotou uma acérrima inimiga daquela: a belicosa guerreira amazona Aiffé.
A lenda explica que ambos os adversários mantiveram relações íntimas e que até, quando o herói abandonou aqueles territórios, deixou a amazona grávida.
No entanto, Cuchulainn alcançou a verdadeira dimensão de herói na refrega mais célebre de toda esta epopéia, isto é, na "Batalha de Cooley". A intervenção do jovem herói foi definitiva para que o mítico "Touro de Cooly" fosse devolvido ao reino do Ulster; além disso, aqui consolidou definitivamente a sua hegemonia e ganhou para si o título de "campeão dos Ulates".
Tudo sucedeu porque a cobiçosa Maeve - que era uma fada malévola, que reinava sobre as outras fadas, que tinha atemorizadas todas as suas companheiras e que conhecia todos os sortilégios e conjuros- desposou o soberano duma região limítrofe do Ulster. Como prenda de casamento recebeu do seu esposo um belo touro branco. Nenhum outro exemplar o igualava, salvo o touro negro que tinha o rei do Ulster. Maeve, que era muito rica, ofereceu ao soberano deste condado, isto é, a Conchubar, todos os bens pecuniários que lhe pedisse, em troca daquele animal tão belo e único. Mas todas as suas propostas foram rejeitadas e, então, a malvada Maeve decidiu roubar o touro do Ulster. E para lá se dirigiu com o seu exército, não sem antes evocar uma espécie de conjuro que paralisaria todos os guerreiros do seu oponente.
texto copiado do site: http://www.mitologiacelta.templodeapolo.net/ver_divindade.asp?Cod_seres=156&Video=Cuchulainn&Imagens=Cuchulainn&cat=Her%C3%B3i
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