30 de Novembro

Dia em que os antigos gregos celebravam Hécate das Encruzilhadas: deusa que
personifica a face escura da Lua. 

 

Hécate )O(

Hécate, a Bela, a ti invoco:
Você, dos caminhos e encruzilhadas,
dos Céus, da Terra e de todos os mares.
Você, vestida de açafrão, entre os túmulos,
dançando os ritos de Baco com as almas dos mortos.
Você, filha de Perses, amante da desolação,
divertindo-se com cervos e cães, na noite escura.
Você, Rainha terrível!
Devoradora das bestas!
Inconquistável,
possuída por uma forma inatingível!
Você, caçadora das feras,
soberana Imperatriz universal:
Você, guia dos caminhos das montanhas,
e noiva, e curandeira,
eu suplico, ó donzela, a sua presença nesses ritos sagrados, com graça e um coração eternamente alegre.
Hécate, toda a vida e todos os frutos da terra são seus,
Tudo foi e é gerado pelo seu útero,
ó Grande mãe de três faces.
Sua é a dança da prosperidade e
Você é nossa fortaleza.
Deusa Hécate eu Te agradeço por suas bênçãos e pela abundância.
Junte-se à mim, festeje e divirta-se comigo.
Abençoados Sejamos!
Obrigada Ó Hécate!
Mãe da Escuridão, que clareia nossos caminhos!






" Estou aqui para guia-lo na escuridão. "

 Ritual deHécate

Hécate era uma deidade da noite,encruzilhadas,vida e morte.
Era chamada de A Mais Amável, Rainha do Mundo dos Espírirto, Deusa da Bruxaria.
Hécate está relacionada à cura, profecias, visões, magia, Lua Nova, encantamentos, livrar-se do mal, riqueza, vitória, sabedoria, transformação, purificação, escolhas, renovação e regeneração.

Você prescisará: 

Seu Athame
Seu Caldeirão
Uma Maçã
Um Pano Preto
Sal Marinho 

E os seus instrumentos ponha a maçã dentro do caldeirão e cubra-o com o pano preto.
Abra o círculo como de costume e com seu bastão na mão de poder, toque no caldeirão por cinco vezes.

Diga:
Sábia Hécate, eu peço sua bênção.
Erga o véu para que eu possa saudar meus ajudantes espirituais,
Antigos amigos de outras vidas, e os que são novos.
Que apenas aqueles que me desejam bem penetrem neste local sagrado.

Descubra o Caldeirão.

Apanhe a maçã, erga-a em oferenda e deposite-a no altar.
Hécate, seu caldeirão mágico é a fonte da morte e do renascimento,
Uma experiência pela qual cada um de nós passa repetidas vezes.
Que eu não tema, pois sei de sua delicadeza.
Eis aqui seu símbolo de vida na morte.
Corte a maçã transversalmente com o athame.
Conteple o pentagrama revelado no miolo.
Devolva as duas metades da maçã ao caldeirão e cubra-o novamente com o pano preto.
Apenas os iniciados têm acesso aos seus mistério ocultos. 
Apenas aqueles que realmente buscam conseguem encontrar o caminho espiral.
Apenas aqueles que conhecem suas faces secretas,
Podem encontrar a luz que leva ao caminho interior.
Ponha uma pitada de sal em sua língua:
Eu sou mortal, mas ainda assim imortal.
Não há fim para a vida, apenas novos recomeços.
Eu caminho ao lado da Deusa
em suas muitas formas.
Nada há, portanto, a temer.
Abra minha mente, meu coração e minha alma.
Aos profundos Mistérios do Caldeirão,Ó Hécate!!!
 
Efetue uma meditação de busca à Deusa da Lua Nova.
Ouça suas mensagens.
Esteja alerta a novos guias e mestres que podem surgir para ajudá-lo.

 copiado de http://luzdadeusa.blogspot.com/2011/02/ritual-de-hecate.html


Skadi, Deusa Escandinavia.

Hoje celebrava-se Skadi, a deusa padroeira da Scandinávia. Ela regia a neve, protegia os esquiadores e a esposa de Ullr, o deus dos esquis.

De acordo com a mitologia nórdica, ela era filha do gigante Pjazi. Era também chamada de Deusa do Inverno. Quando seu pai morreu, Skadi quis se vingar dos Aesir, guerreiros da justiça e da sabedoria.

Como eles não queriam se defender batendo na deusa, resolveram reparar o mal pedindo que se casasse com um deles. Para que sua escolha fosse aleatória, eles só deixaram os pés à mostra. Skadi decidiu escolher o que tivesse o pé mais bonito, pensando ser os de Balder. Mas foi o deus Njord o escolhido.

Eles vão então morar nas montanhas gélidas e ruidosas, onde a deusa se sentia mais à vontade. Só que Njord era o deus da água das praias e não conseguiu se adaptar a neve. Devido às constantes mudanças, criaram as estações do ano. O casamento dos dois não durou muito mas eles tiveram dois filhos, Freya e Frey. 
 

29 DE NOVEMBRO


Festa de Sekhmet, no Egito, a deusa solar com cabeça de leão, a face destruidora da deusa Hathor. Sekhmet é a contraparte da deusa solar com cabeça de gato Bast, que representava as qualidades nutridoras do Sol.
Segundo o mito, Sekhmet ficou tão desgostosa e decepcionada com a decadência e a violência da humanidade que decidiu aniquilá-la.
Sua fúria tornou-se tão terrível, matando milhares de pessoas, que o próprio deus Ra interveio.
Ele misturou uma grande quantidade de cerveja com suco de romã e ofereceu a bebida a Sekhmet, em vez de sangue humano.
De fato, após beber e cair em sono profundo, a deusa acordou sem sentir mais raiva.
Essa bebida era preparada e consumida neste dia, honrando, assim, essa antiga deusa solar.

Também celebrava-se outra deusa egípcia leonina, Mehit, representada pelas montanhas atrás das quais nascia o Sol e um dos aspectos de Tefnut, a deusa da aurora.

Neste dia, segundo as antigas lendas romenas, os vampiros acordavam e se levantavam de seus túmulos, após um descanso de um ano, saindo em busca de sangue humano. Como proteção, colocavam-se cruzes de madeira e réstias de alho atrás das portas e das janelas, evitando-se passar perto dos cemitérios e rezando bastante antes de dormir.

copiado de Teia de Thea


Deusa Leonina Mehit.

Mehit era uma deusa do Império Antigo.

Foi descrita como uma mulher com a cabeça de leoa e usando um colar solar.

Em Thinis, onde era capital das duas primeiras dinastias egípcias, estavam localizados os principais centros de culto a Mehit e onde Onuris era a principal divindade. Onuris era o deus guerreiro protetor de seu povo contra os inimigos, espíritos malignos e de pragas.

De acordo com a lenda, Onuris saiu para caçar uma Leoa no deserto da Núbia e trouxe Mehit. Ela foi domada e se tornou sua consorte.

O seu nome quer dizer “aquela que foi completada”.

copiado de Agenda Esotérica
 

28 DE NOVEMBRO


Celebração anual de Chokmah ou Hokhmah, a deusa hebraica da sabedoria e da verdade, chamada de Sophia pelos gregos, de Sapientia pelos romanos e cristianizada como Santa Sofia.
Na mitologia hindu, suas equivalentes são Prajna, a personificação do princípio feminino da sabedoria e da inteligência, e Vac, a deusa da comunicação, do conhecimento e da sabedoria oculta, mãe dos Vedas, inspiradora dos videntes e detentora do poder mágico.
Nas escrituras judaicas, Hohkmah era a personificação da sabedoria, aparecendo como companheira de Jeová, igual a ele em poder e conhecimento. 
Suas representações são diversas: pode aparecer velada, iluminada, como uma árvore cheia de frutos ou como uma mulher sábia e cheia de dons. 
Por meio desses dons as pessoas podem aprender as artes, os trabalhos manuais, a política ou o discernimento justo. 
Para os gnósticos, ela é co-criadora dos Anjos e Arcanos, coexistindo e colaborando com Deus na criação. 
Para alguns estudiosos, ela é o Espírito Santo da trindade cristã. 
Para os filósofos helênicos, Sophia era o Espírito de Deus responsável pela espiritualidade da alma humana.

copiado de Teia de Thea

DEUSA HAGIA SOPHIA


Mirella Faur

HAGIA SOPHIA, A SABEDORIA SAGRADA

«..Há milênios fui pelo Senhor criada, 
no começo de tudo, 
como Seu primeiro ato criador, 
antes mesmo da Terra, 
quando não existia o abismo profundo, 
nem fontes de água, montanhas, colinas ou campos. 
Quando Ele estabeleceu os céus Eu estava lá,
também quando traçou um círculo na superfície do abismo e firmou a abóbada celeste, 
quando delimitou as margens dos mares e a fundação da Terra. Eu estava sempre ao seu lado como uma Mestra criadora e parceira, 
sendo o seu deleite e me alegrando ao lado dele no mundo habitado...»
 
Livro dos provérbios, 8:22 - 31

Inúmeros textos (“os livros da sabedoria”) da bíblia hebraica descrevem Hokhmah, a Sabedoria feminina, de forma complexa e desafiadora, dando origem a inúmeras interpretações e contradizendo o conhecido monoteísmo judaico. 
 
Ela – assim como Yahweh - era invisível e transcendente,sua origem retrocedendo ao “inicio dos tempos antes da Terra existir”.  
Mas também era imanente, pois além de consorte de Deus e construtora do universo, ela fazia parte da criação e caminhava no meio da humanidade. 
A controvérsia gira em torno da sua aparição, vista ora como primeiro ato de criação de Deus, ora como entidade préexistente, herdeira de Zoé, arquétipo da própria existência
 
Filósofos modernos argumentam que a Sabedoria representa a ordem oculta do mundo, sendo uma lei cósmica, um pré-requisito da criação e, portanto percebida e reconhecida por Deus, mas sem ser por ele criada.
Como princípio espiritual e força transcendental, Hokhmah é a mediadora entre Deus e o mundo e proporciona à humanidade a sua redenção. 
O seu surgimento (do abismo profundo, sinônimo do ventre primordial, de uma Deusa mãe) confirma sua origem e natureza feminina e a co-participação no processo de criação. 
A natureza de Hokhmah é a própria Lei da Vida, mescla de amor e conhecimento que traz à humanidade tanto a alegria, quanto o sofrimento. 
Ela é o espírito invisível que guia a vida dos humanos e os convida através das mulheres a participarem da Sua hospitalidade e buscarem Seus conselhos, como é descrito nestes versos:


“A sabedoria construiu Sua casa sobre sete pilares, 
preparou uma farta mesa 
e enviou Suas mulheres para convidar aqueles que queriam ter a
visão, 
para compartilhar do seu pão e do seu vinho”
(Provérbios 9:1-6).


“Saibam que não dedico meus esforços apenas para mim, 
mas para todos aqueles que buscam sabedoria. 
Meus pensamentos são mais amplos que o mar 
e meus conselhos mais profundos que o grande vazio...” 
 
(Livro de Ben Sirach 24:3-6).
Os livros mais antigos da bíblia que falam sobre a Sabedoria - baseados em compilações de textos arcaicos de Suméria, Babilônia e Egito - preservam as qualidades de sabedoria de deusas como Nammu, Inanna, Cibele, Isis, Rainhas do Céu e da Terra, que antecederam por dois milênios a cultura hebraica e grega.  
 
Muitas destas imagens e atributos constituíram a base dos textos do Velho Testamento, em que a sabedoria aparece como uma árvore com frutos, um manto que envolve e protege, uma figura velada e misteriosa, um símbolo mítico da divindade feminina.
 
A sua mudança da representação metafórica da sabedoria no judaísmo, personalizada nos textos posteriores (hebraicos, gnósticos, cabalísticos helenísticos) para Espírito Santo e Logos foi embasada em distorções de palavras e gêneros na língua hebraica e grega.
De Hokhmah - palavra feminina em hebraico- chegou-se ao termo grego neutro Hagion Pneuma e ao masculino Logos, depois ao conceito latino e masculino do Spiritus Sanctus, apesar da sua imagem ser a pomba, totem da Deusa Mãe.  
 
A transição da sabedoria como atributoda Mãe Deusa até sua transformação no Espírito Santo dos evangelhos gnósticos e cristãos aparece nos Livros dos provérbios (400 a.C.), Ben Sirach (200 a.C.), Canto de Salomão, Livro de Enoch (100 a.C.)
 
No livro de Ben Sirach “a sabedoria é criada da boca do Altíssimo, que fez sozinho a abóbada celeste, os mares e a terra, e que lhe determinou morar somente em Israel” privando assim o resto da humanidade da qualidade universal da sabedoria. 
A real fonte da compreensão intelectual, do esforço e da realização foi transformada na Torá, A Lei (os cinco livros de Moisés contendo normas e leis judaicas) que à sua vez passou a ser declarada o receptáculo da própria sabedoria identificada pelo Logos, a palavra. 
A jornada da sabedoria da Terra para o céu foi descrita desta forma:
 
A sabedoria tentou fazer sua morada no meio dos filhos dos homens, mas não encontrou lugar para ficar e retornou à sua origem, entre os anjos (Livro de Enoch, 42:1).
Como punição pela perda, os pecadores seriam punidos, as pessoas comuns não mais podiam reverenciar as leis da natureza, que iriam ser interpretadas por mestres, padres e homens de lei, os únicos autorizados para compreender os escritos sagrados.
A Torá foi vista como tendo sido escrita pelo próprio Deus, a natureza feminina e universal da sabedoria abolida, o realce dado ao compromisso com a lei de punição e recompensa. 
O verdadeiro significado da sabedoria não se perdeu, mas ressurgiu de outra forma, como Sophia, no Livro de Sabedoria de Salomão, escrito em grego no primeiro século a.C. em Alexandria, por autores judeus não tradicionais (com orientação helenística) e com comentários de mulheres de um grupo místico chamado gnóstica são totalmente negadas como aspectos divinos femininos e jamais é feita alguma menção à sua existência prévia nas escrituras cristãs. 
A sabedoria é personificada por Jesus como o mediador entre o plano divino e material e cuja missão era salvar as almas e não mais orientá-las para se tornarem “moradas da sabedoria”. 
Jesus, apesar da sua associação posterior pelo apóstolo Paulo com atributos e títulos de sabedoria, nunca afirmou ser ele a Sabedoria divina. 
O enfoque passou a ser a salvação,conseguida ao pertencer ao cristianismo, que privou assim a alma da união mística do criador com a criação, separando os processos físicos, mentais e espirituais e levando ao distanciamento do homem da natureza e à inferiorização da mulher. 
As seitas gnósticas, que preservaram aassociação mítica entre a Deusa e a imagem de Sophia como personificação da sabedoria divina feminina,foram proibidas no ano 326 pelo imperador Constantino. 
Sophia ou Sapientia (que emerge do mar e de cujos seios jorram o vinho vermelho e branco da iluminação pela união das polaridades) reapareceapenas na Idade Média nas obras de vários filósofos,ordens iniciáticas (Templários, Cátaros, Graal)alquimistas e trovadores.
A natureza lunar de Sapientia é representada nas suas duas faces, uma clara, outra escura e que está presente nas figuras das duas Marias, a Mãe (doadora da luz) e a consorte (Madalena, que detém o conhecimento da sabedoria oculta). 
A igreja ortodoxa preservou por um bom tempo o titulo grego de Sophia como sendo a sabedoria divina (Hagia Sophia) e lhe dedicou inúmeras igrejas, inclusive a famosa basílica bizantina. 
Santa Sofia foi uma adaptação da Grande Mãe gnóstica, simbolizada pela pomba de Afrodite e depois transformada no Espírito Santo.
Por ser a natureza desvalorizada na comparação com a salvação e as mulheres sendo a ela associadas, surgiu a doutrina do controle e autoridade masculinas, a dominação do mundo material e a exploração das mulheres, teoria reforçada pela culpa atribuída à mulher pelo pecado original e a origem dos males no mundo. 
A demonização das mulheres e da natureza enfatizou a supremacia masculina, divina e humana, premissa que incentivou as horrendas e cruéis perseguições da Inquisição na Idade Média.
O que é muito importante para nós mulheres modernas, é lembrar que Hagia Sophia é uma energia divina feminina, mediadora entre o céu e a Terra, que detém e compartilha o conhecimento universal do Logos e da sabedoria ancestral. 
 
Ela existe em todas nós, portanto devemos prestar atenção à sua voz e agir de acordo com as leis da natureza, buscando oconhecimento intelectual e honrando nossa inspiração e intuição, para fortalecer a sintonia espiritual.
 
Quanto mais conscientes e responsáveis agirmos na nossa vida, mais poderoso e recompensador será o conhecimento que encontraremos, fruto da árvore da sabedoria e verdade. 
Resgatando o nosso poder ancestral e a habilidade para criar, poderemos assumir nossa condição inata de Filhas de Sophia, sacerdotisas da dança sagrada da vida e da Terra, artesãs dos nossos sonhos e realizações,reconhecendo e honrando a unidade e a interdependência da luz e escuridão, Céu e Terra, silêncio e palavras, razão e intuição,Espírito e Matéria.Therapeutae. 
Nele a descrição de Sophia (“a qualidade elevada da alma”) é muito semelhante a Hokhmah bíblica, mas com poderes expandidos, como podemos ver nos versos a seguir:

“Ele deu-me o conhecimento de tudo que existe,para compreender a ordem do mundo e a ação dos elementos, o início, meio e final do tempo, a mudança das estações, os ciclos da vida e a posição das estrelas, a natureza dos animais, as espécies das plantas, as virtudes das raízes, as forças dos espíritos e o raciocínio dos homens”. (Livro de Sabedoria do Salomão, 7:17-20).
Sophia se revela uma divindade feminina, atributo de sabedoria da natureza acessível às mulheres,que ficou degradada ao se tornar possessão humana, apenas um veiculo para a grandeza masculina e por isso aos poucos desaparecendo
Interpretações posteriores consideram a Sabedoria o Espírito Divino, um atributo radiante e reflexo luminoso de Deus ou o próprio espírito criador (por ter feito o mundo e conhecer suas leis, que compartilha com os seres humanos), a centelha divina presente nos humanos e em toda a natureza. 
A atividade mental e a capacidade criativa pertencem também às mulheres, permitindo-lhes confiar no seu intelecto eraciocínio lógico. 
Deus é considerado a fonte do conhecimento cuja origem é a própria sabedoria, contida nas leis naturais e não confinada em um livro bíblico.
A sabedoria é definida como: inteligente, sagrada, única,diversa na manifestação, sutil, móvel, clara, pura,singela, bondosa, invulnerável, beneficente, irresistível,perspicaz, humana, firme, segura, livre da ansiedade,poderosa, que vê tudo e permeia os espíritos inteligentes,puros e bondosos.  
Porém, depois dos capítulos iniciais do livro em que se enumeram as vinte e uma qualidades de Sophia, ela é vista como uma mulher cobiçada pelos homens para aumentar seu próprio poder.
 
A sabedoria tornou-se assim um objeto a ser possuído pelos sábios, garantindo-lhes poder e vitória sobre os inimigos, sucesso nos negócios e felicidade doméstica, perdendo seus aspectos universais e sagrados
 
Especula-se que os capítulos foram escritos por pessoas em épocas diferentes, mas o mistério não foi resolvido. 
 
Reflexos da Hokhmah hebraica se encontram nos hinos órficos, 80 poemas que honravam várias divindades gregas, atribuídos a Orfeu e usados em rituais entre 300 a.C. e 500 d.C. 
Independentemente dos seus nomes, as deusas honradas eram manifestações da Grande Mãe, o principio divino feminino universal,existente e manifestado nas leis da natureza, conhecido como Hokhmah ou Sophia, a Sabedoria, com os mesmos atributos e qualidades citados nos livros hebraicos.
 
Todavia, a mudança histórica do sagrado feminino para o monoteísmo patriarcal levou aos poucos ao esquecimento e diminuição de status das deusas orientais e gregas, antes cultuadas e honradas.  
 
A sabedoria perdeu seu aspecto feminino e telúrico, a mulher foi dissociada da imagem da Deusa e menosprezada como manifestação do pecado e do mal.
Espírito e natureza tornaram-se polaridades opostas e simbolizadas pela Sophia celeste e Eva terrestre.  
 
Com o advento do cristianismo o arquétipo feminino foi totalmente eliminado da ligação com o divino, a matéria decretada inferior ao espírito, o atributo de sabedoria associado com Jesus e depois transformado na terceira figura da trindade masculina, o Espírito Santo.
A conexão entre Sophia, a Mãe Divina e seu filho Christos (o Messias) é perdida, Jesus nasce como filho de Deus Pai e de Maria (simples mortal) e assume as qualidades de Sophia, a sabedoria passando a ser atributo masculino. 
Hokhmah hebraica ou Sophia gnóstica são totalmente negadas como aspectos divinos femininos e jamais é feita alguma menção à sua existência prévia nas escrituras cristãs.  
 
A sabedoria é personificada por Jesus como o mediador entre o plano divino e material e cuja missão era salvar as almas e não mais orientá-las para se tornarem “moradas da sabedoria”. 
Jesus, apesar da sua associação posterior pelo apóstolo Paulo com atributos e títulos de sabedoria, nunca afirmou ser ele a Sabedoria divina
 
O enfoque passou a ser a salvação, conseguida ao pertencer ao Cristianismo, que privou assim a alma da união mística do criador com a criação, separando os processos físicos, mentais e espirituais e levando ao distanciamento do homem da natureza e à inferiorização da mulher. 
As seitas gnósticas, que preservaram a associação mítica entre a Deusa e a imagem de Sophia como personificação da sabedoria divina feminina, foram proibidas no ano 326 pelo imperador Constantino. 
Sophia ou Sapientia (que emerge do mar e de cujos seios jorram o vinho vermelho e branco da iluminação pela união das polaridades) reaparece apenas na Idade Média nas obras de vários filósofos, ordens iniciáticas (Templários, Cátaros, Graal) alquimistas e trovadores. 
 
A natureza lunar de Sapientia é representada nas suas duas faces, uma clara, outra escura e que está presente nas figuras das duas Marias, a Mãe (doadora da luz) e a consorte (Madalena, que detém o conhecimento da sabedoria oculta). 
 
A igreja ortodoxa preservou por um bom tempo o titulo grego de Sophia como sendo a sabedoria divina (Hagia Sophia) e lhe dedicou inúmeras igrejas, inclusive a famosa basílica bizantina. 
 
Santa Sofia foi uma adaptação da Grande Mãe gnóstica, simbolizada pela pomba de Afrodite e depois transformada no Espírito Santo. 
Por ser a natureza desvalorizada na comparação com a salvação e as mulheres sendo a ela associadas, surgiu a doutrina do controle e autoridade masculinas, a dominação do mundo material e a exploração das mulheres, teoria reforçada pela culpa atribuída à mulher pelo pecado original e a origem dos males no mundo. 
A demonização das mulheres e da natureza enfatizou a supremacia masculina, divina e humana, premissa que incentivou as horrendas e cruéis perseguições da Inquisição na Idade Média. 
O que é muito importante para nós mulheres modernas, é lembrar que Hagia Sophia é uma energia divina feminina, mediadora entre o céu e a Terra, que detém e compartilha o conhecimento universal do Logos e da sabedoria ancestral. 
Ela existe em todas nós, portanto devemos prestar atenção à sua voz e agir de acordo com as leis da natureza, buscando o conhecimento intelectual e honrando nossa inspiração e intuição, para fortalecer a sintonia espiritual. 
Quanto mais conscientes e responsáveis agirmos na nossa vida, mais poderoso e recompensador será o conhecimento que encontraremos, fruto da árvore da sabedoria e verdade. 
 
Resgatando o nosso poder ancestral e a habilidade para criar, poderemos assumir nossa condição inata de Filhas de Sophia, sacerdotisas da dança sagrada da vida e da Terra, artesãs dos nossos sonhos e realizações, reconhecendo e honrando a unidade e ainterdependência da luz e escuridão, céu e Terra, silêncio e palavras, razão e intuição, Espírito e matéria.
 

DEUSA SOFIA, O PRINCÍPIO FEMININO


SOFIA, O ROSTO FEMININO DE DEUS
"Eu sou a força suprema e ardente que emite todas as centelhas da vida.
A morte não faz parte de mim, embora eu a aceite, e em conseqüência
Sou provida de sabedoria bem como de asas.
Sou aquela essência viva e ardente da substância divina que jorra na beleza dos campos.
Eu brilho na água, eu queimo no Sol, na Lua e nas estrelas.
É minha aquela força misteriosa do vento invisível.
Eu sustento e alento tudo que vive.
Respiro no verde, e nas flores, e quando as águas fluem como coisas vivas, sou eu.
Ergo as colunas que sustentam toda a terra...
Sou a força que reside nos ventos, de mim eles se originam, 
e assim como um homem consegue mover-se porque respira,
assim o fogo não queima a não ser com o ar por mim soprado.
Tudo isto vive porque estou em tudo isto e sou a vida.
Sou a sabedoria.
É minha a emissão do verbo proferido através do qual todas as coisas foram feitas.
Eu impregno todas as coisas para que não pereçam.
Eu sou a vida."

Sophia, A Mãe da Sabedoria, a Fonte Original
Sofia em grego, "hohkma" em hebraico, "sapientia" em latim, tudo sigficando sabedoria. 
Como Deusa da Sabedoria, Sofia possui múltiplas faces: Deusa Negra, Divino Feminino, Mãe de Deus.
Sofia é um aion (entidade de poder divino), filha de um par primordial de invisíveis e inefáveis seres transcendentais, chamados de Profundidade (masculino) e Silêncio (feminino). 
Deste par surgiram 30 emanações ou Aions, ou seja, padrões do ser psíquico ou arquétipos, arranjados em pares, compostos de um Aion masculino e um feminino cada. 
Sofia separa-se de seu par, que em muitas variantes do mito é chamado de Vontade. Separada de sua contraparte masculina, ela torna-se sujeita a uma condição de desequilíbrio e começa a procurar a Gnose por meios confusos ou errados.

Tendo perdido seu gêmeo, o seu amor divino é pervertido em "hubris" ou orgulho excessivo e arrogante, que a impele a buscar a compreensão dos insondáveis Profundidade e Silêncio do último mistério duplo através de indagações intelectuais ou filosóficas. 
Ela abandona o caminho do "coração que compreende" (gnosis kardias) e vai em busca do conhecimento apenas do poder da mente. 
Este ato de "hubris" provoca uma crise ou catástrofe. 
Sofia cai do alto de seu lugar na Pleroma (totalidade) da glória divina e desce ao mundo escuro da confusão e do terror.

Assim, Sofia se distancia do abraço da totalidade divina e dos braços de seu consorte, sem ter entendido a natureza do par primordial, Base-Início (Profundidade) e Pensamento-Graça (Silêncio), ela se torna convencida da futilidade de seus esforços mal concentrados. 
Mesmo assim, sua paixão pelo conhecimento e seu desejo pelo pai-mãe tiraram de dentro de seu ser entidades curiosas, informes, que subsistiram como criaturas vivas e impuras no abismo. 
No Evangelho da Verdade, dos valentinos, algumas dessas criaturas são descritas graficamente:

"Foi a ignorância em relação ao Pai que produziu a Angústia e o Terror.
A Angústia tornou-se densa como um nevoeiro, de forma que ninguém poderia ver. 
Assim o Erro se fortaleceu. 
Elaborou sua própria Matéria no Vácuo".

Sofia neste instante, parece dividir-se em duas personalidades; uma mais elevada e outra inferior.
 
Sofia mais elevada é purificada e equilibrada pelos poderes limitadores do Vácuo e retorna a um estado de união com seu consorte, restaurando assim a integridade da ordem divina pleurômica.

A Sofia inferior, em contrapartida, permanece na escuridão externa, onde ela dá vida a uma outra monstruosidade sem pai, um ser horrendo e disforme feito de substância imaterial hipostatizada, descrito como "fruto feminino fraco"(a possível implicação psicológica é a de que ele foi concebido sem a presença consciente do componente masculino da psique humana, chamado "animus").

Pouco a pouco, numerosos arquétipos de luz e trevas, poderes de espiritualidade e materialidade, se acercarão dela. 
Entre as forças benéficas, encontramos o Christos e o Espírito Santo, os quais parecem ter um papel muito parecido com o do arquétipo junguiano clássico, pois atuam como agentes organizadores e aglutinadores ao redor dos quais as forças da Pleroma e do Vácuo se ordenam segundo padrões arquetípicos. 
As forças do Vácuo, criadas em grande parte pelas emoções externizadas de Sofia, a saber, sua trizteza, medo, assombro, ignorância e desejo de voltar-se ou converter-se à luz, tornaram-se as raízes do mundo material, com seus quatro elementos, que são derivados diretamente de quatro das maiores emoções de Sofia. 
O Demiurgo, necessário porém tirânico princípio criador e preservador dos cosmos diferenciado e material, ganha vida, assim como sua contraparte espiritual, o Jesus Aion no qual a Pleroma é reunida, sendo freqüentemente descrita como a prole de Christos (masculino) e do Espírito Santo (feminino). 
Jesus Aion desce até vácuo e entra no universo material, onde irá resgatar Sofia do domínio do Demiurgo, que a mantém cativa, do mesmo modo que Teseu aventura-se para salvar a donzela-sábia das garras do touro-monstro. 
Jesus, portanto, torna-se o "perfeito fruto da Pleuroma", que contém todos os elementos dos Aions superiores, e é o verdadeiro "soter", o "salvador libertador", não no sentido de salvar do pecado, mas no de salvar como os heróis que empreendem uma jornada para resgatar uma bela donzela em apuros.

A tarefa de salvar Sofia só se concretiza através do amor sexual e marital entre os dois, um verdadeiro hierosgamos,que provocará a purificação e o autêntico despertar em seu interior, das memórias do divino êxtase da união com o Deus supremo. 
Jesus seria então, um "noivo celestial", assim como se tornou o amante espiritual de Santa Teresa D'Ávila e de incontáveis outros místicos muitos séculos depois. 
Presa à prisão tetermórfica dos quatro elementos composta de Terra (terror), Água (medo), Ar (tristeza) e Fogo (dissolução e corrupção). 
Sofia aguarda a vinda do libertador, que a exorciza das quatro emoções elementais cegas e assim a liberta da cruz do aprisionamento. 
Antes da vinda de Jesus, o Christos espiritual já havia iniciado o trabalho redendor, quando de forma mística ele apareceu a Sofia estendido na cruz transcósmica em forma de Tau, despertando-a para a consciência de sua condição e infundindo-lhe o desejo de ver o amado celestial.

A imagem enigmática de Maria Madalena surge aqui, numa importante posição de significado simbólico no romance sofíaco de libertação. 
Numerosa passagens nas variantes gnósticas dos Evangelhos revelam que esta figura feminina é a encarnação física de Sofia, e sua relaçao com Jesus é francamente descrita como um hierosgamos com contornos físicos, além de espirituais. 
Podemos ler no Evangelho de Felipe:

"A Sofia a quem chama de estéril é a mãe dos anjos. 
E a consorte de Cristo é Maria Madalena. 
O senhor amava Maria Madalena mais do que a todos os seus discípulos e a beijava na boca muitas vezes... eles lhe perguntaram, por que o senhor a ama mais do que a todos nós? 
O salvador respondeu: Por que eu não amo vocês como a amo?"
O elemento significativo deste aspecto do mito para nossos propósitos é a hipóstase feminina representada por Sofia só pode ser libertada através de uma união espiritual que a transformará num Ser integral. 
As implicações psicológicas disto são de grande importância.

Outro elemento interessante em muitas formas de mito é a afirmação de que, assim como Sofia, através de seus caprichos, rompeu os limites dos doze poderes governantes e se hostilizou com eles, agora torna-se necessário que ela se aproxime de cada um e peça desculpas, num ato que foi chamado de os doze arrependimentos. 
Ela chora aos doze poderes e conquista sua influência poderosa através de súplicas rituais elaboradamente expressas e fórmulas mágicas endereçadas à Luz que ela aspira. 
A beleza poética desses arrependimentos pode tornar-se evidente com as seguintes amostras breves:

"Resgata-me, Ó Luz, deste Poder que tem a face do leão e das emanações da Arrogância divina; 
pois és Tu, Ó Luz, em cuja luz acreditei e confiei desde o início...
És Tu que hás de me salvar....Agora,
Ó Luz não me deixes no Caos...não me abandones. 
Ó Luz, pois ...eles desejaram meu poder, dizendo a todos de uma vez: 
A Luz me abandonou; tomai-a, e retiremos toda a luz que nela habita.Deixai aqueles que queriam tomar meu poder voltar-se para o Caos e envergonhar-se, 
deixai-os voltar rapidamente para a Escuridão...
deixai todos que buscam a Luz jubilarem e darem graças!...
Tu, então, Ó Luz, Tu és meu Salvador...
apressa-te e salva-me deste Caos.

Ó Luz...deixa Tua luz descer até mim, 
pois minha luz foi tomada e estou em desespero...
pois meu poder está cheio de escuridão,
e minha luz desceu ao Caos...até as Trevas abaixo...
e estendi minhas mãos a Ti 
e chorei...com toda a luz em mim...
Canto um hino a Ti nos níveis mais superiores, e novamente no Caos."
Em círculos cada vez mais altos ela se aproxima da luz, guiada por poderes angélicos e arcangélicos e sustentada pela força infundida em seu ser por seu noivo celestial, Jesus. 
A alegria substitui agora a profunda angústia e o arrependimento de suas experiências anteriores, e seus hinos passam ao tom de súplica ao de graças:

"Fui salva do Caos e libertada dos grilhões das Trevas; 
venho a Ti, Ó Luz, pois Tu te tornaste Luz em cada parte minha....
e as emanações do Arrogante que se opunha a mim Tu as bloqueaste com Tua luz...
Agora Tu me cobriste com a Luz de Teu Fluxo e me purificaste de tudo que é ruim...
Tornei-me encorajada por Tua Luz...e brilhei em Teu grande poder, 
pois Tu quem sempre salva!
A Luz tornou-se Redentora para mim e transformou minhas trevas em luz;
afastou o Caos que me cercava e me rodeou de luz!...
Meu poder, eu o canto para a Luz, 
e não esqueço todos os poderes da Luz!...
Todos os poderes estão em mim, eu os canto em Nome do Teu Santo Mistério...
que te preencheu com a luz mais Sutil, 
e Teu início será renovado como um Invisível das Alturas".
Então, depois de vários outros ataques sobre ela deflagrados pelos poderes das trevas, que continuam a assaltá-la e perturbá-la até os limites da mais alta morada aiônica da Luz, os poderes negros afastam-se dela e ela entra em seu eterno lar de luz sem fim e alegria sem limites. Dando graças e entoando hinos à glória libertadora da Luz, ela explode uma vez mais num cântico de louvor:

"Ó Luz, vou revelar a Ti como Tu me salvaste, 
e como Tuas maravilhas aconteceram na raça humana!...
Tu esmagaste os altos portais das Trevas juntamente com as poderosas travas do Caos...
e eu passei pelos portais do Caos!"
Assim termina a história da fiel Sofia, o protótipo sofredor e esperançoso e o arquétipo da feminilidade agonizante e definitivamente liberada. 
Do glorioso reino da Luz, ela desceu para a alienação e o caos, foi afligida pelos terrores da servidão e da ignorância, mas invocando a Luz ela recebeu força e santificação através de sua união com Jesus, o noivo salvador e, levada por Sua mão divina, recuperou seu Trono da Sabedoria abandonado no reino dos Inefáveis. 
Como todos os autênticos mitos arquetípicos, a história de Sofia possui uma grandeza atemporal que a torna adequada e aplicável às preocupações de qualquer época e local. 
Este mito, como outros, fixa em formas palpáveis as realidades universais e arquetípicas que subjazem na experiência psíquica. 
A psicologia moderna cada vez mais tem reconhecido o imenso valor do imaginário e do pensamento mitológico para o propósito de auto-conhecimento e da verdadeira libertação espiritual na vida psíquica das pessoas.

Um conhecimento de imagens mitológicas é exigência fundamental se o ego quer ter uma relação consciente até com as camadas mais profundas da psique, pois elas fornecem formas e categorias de compreensão pelas quais se pode aprender e conscientemente perceber a natureza desses poderes transpessoais. 
O ego que não tiver essas categorias de compreensão será confinado ao nível mais superficial de significados pesonalísticos ou será levado pelas energias e forças arquetípicas a vivê-las inconscientemente.

Uma apreciação introspectiva da mitologia poderia realmente tornar-se importante modalidade de auto-compreensão, não somente em nível de psique individual, mas no interior da cultura mais abrangente propriamente dita.

Do ponto de vista psicológico, Sofia pode ser definida como a personificação da necessidade de individualização. 
Sua história segue o padrão clássico dos quatro estágios do drama grego: o conflito (AGONE), a derrota (PATHOS), a lamentação (THRENOS) e a redenção ou solução (THEOPHANIA) conseguidas com o contato com o Divino.
Este padrão quádruplo é a manifestação, no drama, da imagem quádrupla da totalidade, o celebrado tetramorfo psicológico. 
Jung achava que o número quatro é representativo do objetivo de totalidade da alma, e descobriu que os quatro estágios são encontrados nos processos significantes de evolução psicológica em todos os processos psicoterapêuticos que envolvem uma profunda integração do inconsciente. 
Assim como no processo de individualização, algumas expressões no mito de Sofia se repetem, embora seu caráter permaneça o mesmo.

De importância singular para a situação espiritual da mulher em nossos tempos é a mensagem do agone ou "conflito" inicial em nosso mito, com o acréscimo do subseqüente pathos. 
Porque Sofia é expulsa do estado paradisíaco de seu êxtase aiônico? 
O motivo é a separação de seu esposo e gêmeo luminoso conhecido pelo nome de Vontade. 
A diferenciação do ego feminino traz consigo o megulho no inconsciente do componente psíquico contra-sexual, ou alma masculina da mulher, chamado na psicologia junguiana de "animus". 
O "animus" não se torna inexistente, mas, tornando-se inconsciente, pode exercer sua influência sobre a psique feminina nas zonas sombrias do inconsciente e sua influência acaba ficando distorcida. 
Quanto menos consciente a mulher é de seu "animus", mais maléfica e perigosa é a influência desse gêmeo obscuro. 
(É bom recordar que o homem experimenta uma situação análoga com seu próprio componente escondido, a "anima"). 
A separação entre Sofia e seu gêmeo coincide com seu esforço equivocado de obter a Gnose através do intelecto e da vontade em lugar da "gnosis kardias", o "caminho do coração que sabe". 
Um ser desequilibrado é capaz apenas de uma tentativa desequilibrada de individualização, e esses esforços desequilibrados tendem a falhar.
O resultado é uma profunda alienação do mundo luminoso do Self, uma saída da Pleroma da saúde psíquica e da verdade. 
O pathos começou.

Os gnósticos eram profundamente conscientes dessa situação psicológica, e expressaram isso em muitos momentos. 
Podemos ler, no Evangelho de Felipe:

"Quando Eva estava com Adão, não existia a morte; mas quando ela se separou dele, a morte surgiu. Se ela voltar, e ele a levar para dentro de si, a morte deixará de existir.
Se a mulher não tivesse se separado do homem, ela não morreria com o homem. 
Sua separação tornou-se o começo da morte. 
Por causa disso veio o Cristo, para acabar com a separação que havia desde o início, e novamente unir os dois; e para dar vista àqueles que morreram na separação, e uni-los."

A morte que se refere aqui não é a morte do corpo, mas a morte do espírito que tanto o homem como a mulher sofrem quando perdem o contato consciente com seu self contra-sexual. 
Dessa forma, o objetivo da individualização ou união espiritual é descrito pelo Jesus Gnóstico no Evangelho de Tomé;

"Quando você integra os dois em um, e quando você transforma em externo e o externo em interno e une o que está em cima com o que está embaixo, e quando você torna o macho e a fêmea um só, de forma que o macho não seja macho e a fêmea não seja fêmea, quando você coloca olhos no lugar de um olho, e uma mão no lugar de uma mão, e um pé no lugar de um pé, e uma imagem no lugar de uma imagem, então você entrará no Reino de Deus."
Sofia, não é somente uma alma feminina, mas a alma de todas as coisas e pessoas. Todos nós estamos à procura da nossa totalidade.  
Assim como Sofia, vagamos pela face desta terra, nossa glória degradada e prostituída como a de Maria Madalena, enquanto através das regiões aiônicas desce "Aquele que sempre vem", nosso noivo divino, o Logos do mais alto Deus. 
Daí a theophania, a resolução divina do grande drama, estar sempre aqui e sempre lembrar aquilo que está simbolizado no mito de Sofia. 
Anima e animus, Eros e Logos, Madalena-Sofia e Jesus estão destinados a se unirem na câmara matrimonial da Alma. 
O Cristo que há em nós e a Sofia que há em nós são as esperanças gêmeas da glória, buscando um ao outro na ânsia sagrada do desejo divino. 
Os gnósticos foram talvez a única escola de pensamento na história da tradição ocidental a reconhecer este fato e a declarar essa tendência como processo intra psíquico. 
O Evangelho de Tomé coloca isso bem:

"Disse Jesus: Se vocês trouxerem à luz o que existe dentro de vocês, aquilo que possuem os salvará. Se vocês não tiverem isso dentro de vocês, aquilo que não possuem os matará."

A salvação do homem é a união com a mulher dentro da sua alma (anima), enquanto que a libertação da mulher depende da sua união efetiva com seu gêmeo aiônico de masculinidade psíquica.

Respondendo a um aparentemente machão chauvinista, o apóstolo Pedro, que deseja excluir Maria Madalena do círculo dos apóstolos, "porque as mulheres não são dignas de vida", Jesus fala no mesmo Evangelho:

"Veja, eu a levarei, de forma que a farei homem, para que também ela possa tornar-se um espírito vivo...Pois cada mulher que se fizer homem entrará no Reino de Deus."
E, poderíamos acrescentar, o mesmo acontecerá a cada homem que, assimilando a sua Sofia Sagrada interior, conseguir tornar-se mulher.
Seria um erro supor que os mitos gnósticos não possuem relevância vital no mundo de hoje. Podemos não mais possuir as técnicas detalhadas das disciplinas gnósticas de transformação: seus sacramentos, seu processo sacerdotal (que, à diferença do cristão, era permitido tanto para mulheres quanto para homens), seus majestosos rituais dramáticos, seu rito secreto de individualização da câmara nupcial. 
Mesmo assim, os próprios gnósticos nos lembram da perene disponibilidade dos meios de libertação quando fizeram Sofia exclamar:

"A Luz é boa e justa; 
é por isso que Ele me garantirá o caminho para ser resgatada em minha transgressão...
Pois todas as gnoses da Luz são meios de salvação, e existem mistérios para cada um que procure as regiões de sua herança...
Para cada um que confiar na Luz Ele dará o mistério adequado, e sua alma estará mas regiões da Luz".

Podemos nos assegurar de que os meios de libertação estão ao alcance da mão e são disponíveis; na verdade, como já foi dito sobre a Divindade, eles estão mais próximos do que a respiração e mais ao alcance que nossos próprios pés e mãos. 
A verdadeira libertação do homem dentro da mulher e da mulher dentro do homem não poderá acontecer através da vontade consciente e do intelecto. 
A pressa conduz ao prejuízo, pois é testemunha das pressões impuras do ego não iluminado, conforme ficou simbolizado pela falta de sabedoria de Sofia antes de voltar-se para a Luz. Como diz Sófocles nas últimas linhas de Antígona:
"Onde estiver a sabedoria, a felicidade coroará uma piedade que nada destruirá. 
Mas palavras e atos altos e poderosos são castigados para aprenderem a ser humildes, até que a idade, caída de joelhos, finalmente seja a sabedoria".

Sofia, grávida do conhecimento, convida-nos para beber de sua taça da sabedoria
Entretanto, o maior problema das mulheres hoje, é não se permitir abrir-se para o novo, pode ser para uma chuva que cai descompromissada, para uma nova relação ou um novo conhecimento. 
Ficar parada é não correr risco, mas também a vida passará e você deixou de vivê-la.

É hora de reflexão, de silêncio e de introspecção. 
É hora de ouvir e sentir o que nunca ouviu ou sentiu. 
O tempo passa para todos nós, mas como gastá-lo é que faz a diferença.
É somente com a incerteza e o afastamento de tudo que nos é familiar que processa-se o crescimento espiritual e, em tais momentos, é que podemos avaliar profundamente nossas vidas. 
Nem toda nossa cultura oferece-nos a sustentação para aprofundarmos espiritualmente. Quando nos dedicarmos a ouvir a nossa Sofia interior, conseguiremos tudo o que precisamos.

Todos nós homens e mulheres, já reproduzimos ou ainda vamos reproduzir o caminho de Sofia, a eterna busca do sentido divino. 
Jesus disse: 
"Onde estiver o seu tesouro, aí estará seu coração". 
Sofia não buscava somente o sentido da busca, mas buscava também seu coração.

A figura de Sofia não desapareceu, ela permanece como a principal inspiração por trás de inumeráveis simbolizações místicas da sabedoria feminina através das eras. 
Sua mão oculta é vislumbrada no culto à Virgem Maria e nas musas femininas dos poetas sufis. 
Nossa Senhora Sofia com sua sabedoria de coração que compreende ainda está desperta!
Sofia é o mistério da vida
É o conhecimento do corpo e da alma
Sofia é sabedoria!

BUSCANDO À SOFIA INTERIOR
Procure um lugar em sua casa onde possa não ser incomodada. 
Sente-se ou deite-se confortavelmente e feche os olhos. 
Respire profundamente e solte o ar pela sola dos pés. 
Inspire novamente e enquanto solta o ar, sinta toda a tensão sendo puxada para fora de seu corpo, como um longo fio, pela sola dos pés. 
Respire profundamente e solte o ar pela boca. 
Sinta-se relaxar completamente, um bem-estar tomará conta de você como uma sensação de calor confortante.  
Agora encontre o lugar dentro de você onde mora Sofia. 
Ela mora em seu coração? 
Em sua mente talvez? 
Em seu útero?  
Assim que visualizar o lugar vá ao seu encontro. 
Sinta o perfume do lugar, a cor, a textura, observe tudo atentamente. 
Depois que já se familiarizou com tudo vá encontrá-la que ela lhe espera.

Você deve perguntar a Sofia tudo que precisa saber. 
Ao lhe responder agradeça e a abrace demonstrando seu carinho por ela. 
Ela lhe dirá que estará sempre pronta para lhe receber em sua morada, pois ela habita o seu interior. 
Você portanto sempre será bem-vinda. 
Ela lhe dará um beijo na testa e apontará o caminho de volta. 
Respire fundo novamente e abra os olhos. 
Feliz retorno!

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
 
texto copiado de   Alta Sacerdotisa
 

' Na Grécia actual, neste dia, celebra-se Santa Sofia, reminiscência da antiga festa de Sophia, a Deusa hebraica da sabedoria. Em sua manifestação original, Sophia era a companheira de Jehovah, co-criadora dos anjos e responsável pela espiritualidade dos homens. (...) Sophia, no entanto, permanece um potente símbolo de sacralidade e sabedoria femininas. (...) Procure dedicar algum tempo para se interiorizar, avaliando a melhor maneira de contratar sua sabedoria interior por meio de práticas de equilíbrio ( mental e emocional ) e conexão ao plano espiritual. Peça à deusa Sophia que a conduza em seu processo de iniciação espiritual, afastando os véus que obscurecem sua visão psíquica e permitindo-lhe colher os frutos de sua sabedoria ancestral.'

Fonte: 'O Anuário da Grande Mãe', Mirella Faur.
copiado de  Mãos de Lótus
 

SOFIA
Deusa da Sabedoria
Sofia em grego, Hohkma em hebraico, Sapientia em latim, tudo significa sabedoria. 
A alma feminina dos deuses judeu-cristãos, fonte de verdadeiro poder, é Sofia. Como deusa da sabedoria, ela tem muitas faces: deusa Negra, Feminino Divino, Mãe de Deus. 
Para os gnósticos cristãos, Sofia era a Mãe da Criação: seu marido e ajudante era Jeová: seu santuário sagrado, Magia Sophia, em Istambul, é uma das sete maravilhas do mundo. 
O seu símbolo, a pomba, representa o espírito: ela é cercada pelas estrelas, um ícone do centro leste para indicar a sua divindade absoluta.

Leitura do “Livro dos Provérbios” –
Provérbios 8:22-31 –


“O Senhor Deus me criou antes de tudo, antes das suas obras mais antigas. 
Eu fui formada há muito tempo, no começo, antes do princípio do mundo. Nasci antes dos oceanos quando ainda não havia fontes de água. 
Nasci antes das montanhas, antes de os morros serem colocados nos seus lugares, antes de Deus ter feito a terra e os seus campos ou mesmo o primeiro punhado de terra. 
Eu estava lá quando ele colocou o céu no seu lugar e estendeu o horizonte sobre o oceano.
Estava lá quando ele pôs as nuvens no céu e abriu as fontes do mar, e quando ordenou às águas que não subissem além do que ele havia permitido. 
Eu estava lá quando ele colocou os alicerces da Terra. 
Estava ao seu lado como arquiteto e era a sua fonte diária de alegria, sempre feliz na sua presença – feliz com o mundo e contente com a raça humana”.

Istambul / Turquia

A Basílica de Santa Sofia, também conhecida como Hagia Sophia (grego: Hagia Sophia, que significa "Sagrada Sabedoria"; Ayasofya em turco) é um imponente edifício construído entre 532 e 537 pelo Império Bizantino para ser a catedral de Constantinopla (atualmente Istambul, na Turquia) e que foi convertido em mesquita em 1453 até ser transformado em museu, em 1935.


Fonte: wikipédia e "O Oráculo da deusa" - Amy Sophia Marashinsky 

copiado de Olhos de Bastet