11 de julho - Calendário Mágico

Dia de Santa Clara

Clara era neta e filha de fidalgos guerreiros das mais ilustres e poderosas famílias de Assis.
Viviam num palácio na cidade, possuíam um castelo nos arredores e consideráveis propriedades.
O pai, Favarone Scifi, era conde e como todos os cavaleiros feudais deixava a educação das filhas a cargo de sua mulher e das numerosas damas do palácio.
Como guerreiro cabia-lhe também participar nas cruzadas contra os infiéis, mas a sua religiosidade não iria muito além destas belicosas investidas.
O avô de Clara pertencia à nobre família dos Offreducci.
Seu filho mais velho, Monaldo, tio de Clara, era um guerreiro brutal e sem escrúpulos, mas na família havia outros parentes cuja generosidade aquela menina loira e sensível iria imitar.
Ortolana Fiuni, antes mesmo da sua filha Clara nascer, pediu autorização ao marido para fazer uma peregrinação à Terra Santa, fato que era comum na época, principalmente na nobreza.
Foi acompanhada da sua grande amiga, Pacífica de Guelfuccio, e integradas num grupo maior de peregrinos.
Só a muita fé fazia esquecer a travessia do mar em más condições, as caminhadas longas sob diversos perigos, o calor, a escassez de água e alimentos.
Toda a adversidade era compensada pelo momento inesquecível da chegada a Jerusalém, e o privilégio de poderem ajoelhar-se perante o Santo Sepulcro.
Nessa viagem, Ortolana irá também a Roma.
Após o regresso a casa, sabe que vai ser mãe.
A lenda diz que a mãe de Clara de Assis ouviu um dia vozes que lhe anunciam que a criança que ia nascer iria ser um clarão de luz para todo o mundo...
Santa Clara de Assis (em italiano, Santa Chiara d'Assisi) nascida como Chiara d'Offreducci em Assis (Itália), no dia 16 de Julho de 1194, e falecida em Assis, no dia 11 de Agosto de 1253.
Segundo a tradição, o seu nome vem de uma inspiração dada à sua mãe, de que haveria de ter uma filha que iluminaria o mundo.
Aos doze anos era considerada de uma beleza fora do comum e os seus dotes artísticos eram o orgulho da mãe e do pai.
Destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos.
Durante um ano, Clara vai à Capela de Santa Maria dos Anjos ouvir a pregação de Francisco e conversa com ele.
Vai vestida de maneira discreta, sobre a cabeça põe um manto pesado para não ser reconhecida e faz-se acompanhar de uma amiga de confiança.
Clara não mais vai esquecer essas conversas nem a forma humilde como ele se vestia - descalço, uma túnica de pano grosseiro, apanhada na cintura com uma corda e um cajado encimado de uma cruz e aquele olhar sereno e feliz.
Aquela felicidade que só alguns conseguem atingir.
Durante quatro anos, silenciosamente, sem mesmo dizer à mãe o que se passava no seu pensamento, Clara vai meditar na sua vida.

Enfrentando a oposição da família, que pretendia arranjar-lhe um casamento vantajoso, aos dezoito anos Clara abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente indo ao encontro de São Francisco de Assis na Porciúncula e ao deparar-se com a pobreza evangélica vivida por Francisco, foi tomada pela irresistível tendência religiosa de segui-lo, indo ao seu encontro na noite de 18 de março de 1212, acompanhada da amiga fiel, Filipa de Guelfuccio, descem a encosta até à Porciúnculadirige-se à humilde igrejinha de Santa Maria dos Anjos, aos pés do monte sobre o qual surge Assis, onde a aguardavam Francisco e seus frades.
Leva por baixo do manto um vestido de noiva, adornada com jóias: é o costume que ainda hoje se mantém nas tomadas de hábito das freiras que depois despem as vestes da “riqueza mundana” para envergarem o hábito da pobreza.
Neste caso a verdadeira pobreza franciscana — o véu branco da pureza e o negro símbolo da penitência.
Na cerimónia de profissão de fé de Clara, no mosteiro de Francisco, é e!e próprio quem lhe vai cortar os cabelos.
Diz-se que ao ver cair aqueles fios doirados no chão, o santo terá deixado rolar uma lágrima.
Em seguida Clara foi levada a um mosteiro beneditino...
A família, ao dar pelo desaparecimento de Clara, desencadeia as buscas, tendo à frente o tio de Clara que descobre que ela se recolhera junto da comunidade de Francisco.
Quando o tio chega ao mosteiro das beneditinas de S.Paulo, em Bastia, próximo de Assis, onde Clara se recolhera, vê a sobrinha descalça, vestida pobremente que com serenidade e segurança lhe diz que não mais voltará para casa dos pais, porque é aquela a vida que escolheu.
Fica indeciso. Ainda tenta forçá-la a segui-lo.
Porém, Clara — para que ele perceba que a sua opção não foi um impulso passageiro retira o véu e mostra-lhe a cabeça rapada.
O tio solta um grito de raiva.
Aqueles cabelos de oiro, elogiados por toda a cidade, já não cobriam a bela cabeça da sobrinha e, meio descontrolado, retira-se com os seus soldados.
Como a família de Francisco, também a de Clara teve de encarar a escolha da filha como algo mais forte que os poderes terrenos.

Mais tarde Francisco a tirou do mosteiro para conduzi-la ao paupérrimo convento de são Damião, destinado às monjas da Ordem Segunda franciscana, onde, juntamente com outras moças , deu início à Ordem, contemplativa e feminina, da Família Franciscana, também conhecido por "Damas Pobres" ou Clarissas, da qual se tornou mãe e modelo, principalmente no longo tempo de enfermidade, período em que permaneceu em paz e totalmente resignada à vontade divina.
Viveu na prática e no amor da mais estrita pobreza.
A resposta da jovem Clara ao ideal franciscano de pobreza foi total.
Para estar em consonância com o mestre pediu e obteve o “privilégio da pobreza” que a privava também da possibilidade de ter qualquer coisa de seu.
Abandonando a rica morada, também a sua mãe, Ortolana, e as irmãs Beatriz e Catarina, ingressaram mais tarde no austero convento.
Clara permaneceu por toda a vida fiel e coerente com a Regra que ela havia ditado.
Não conhecia limites à caridade, ao serviço junto às irmãs, aceitando com alegria mesmo incumbência mais humildes.
Considerava honra lavar os pés das externas, quando voltavam ao convento.
Penitência e mortificação impõe a si mesma em medida tão dura que suscitava preocupação e advertências da parte de Francisco.
A moderação recomenda às outras, não a si mesma.
O seu primeiro milagre foi em vida, demonstrando a sua grande fé.
Conta-se que uma das irmãs da sua congregação havia saído para pedir esmolas para os pobres que iam ao mosteiro.
Como não conseguiu quase nada, voltou desanimada e foi consolada por Santa Clara que lhe disse:
"Confia em Deus!".
Quando a santa se afastou, a outra freira foi pegar no embrulho que trouxera e não conseguiu levantá-lo, pois tudo havia se multiplicado.



Em 1225, ano que precedeu sua morte, Francisco de Assis, doente e quase cego, tinha batido na porta do convento de são Damião, onde há muito tempo irmã Clara aguardava a consolação de sua visita, e pediu para ser hospedado.
Para respeitar a clausura, quis ser acomodado na terra nua numa cabana de palha, no quintal.
Foi aí que o trovador de Deus transbordou sua alma na oração de reconhecimento ao Senhor com o Cântico do Irmão Sol, o mais belo hino à alegria.
Com este gesto Francisco parece ter querido brindar a mais fiel e entusiasta intérprete do seu ideal ascético, Clara..

Oração a Santa Clara

Pela intercessão de Santa Clara,
ó Senhor Todo Poderoso
me abençõe e proteja;
volte para mim os seus olhos misericordiosos,
dê-me a paz e a tranquilidade,
derrame sobre mim as suas copiosas graças e,
depois desta vida,
aceite-me no céu em companhia de Santa Clara e de todo o santuário.

O MILAGRE DO SOL

Noutra ocasião, quando da invasão de Assis pelos sarracenos, Frederico II, com o seu exército composto por sarracenos, desde que fizera uma aliança com o sultão do Egito, aproxima-se do convento de S. Damião.
Na sua fúria contra a Igreja católica, tenta penetrar no mosteiro onde se encontra Clara e a sua comunidade.
Quando os soldados que tentavam o saque se aproximam, as freiras em pânico vão avisar Clara que, sem ter qualquer meio de defesa, vai à capela e pega na custódia, peça do culto onde se coloca a hóstia, normalmente de ouro ou prata, e empunhando-a com as duas mãos levanta-a de modo a que seja vista pelos invasores.
Santa Clara apanhou o cálice com hóstias consagradas dizendo que Jesus Cristo era mais forte que eles e, conta a lenda que, os raios de Sol, refletindo-se nela, teriam assustado os guerreiros que, em debandada, fugiram.
Por este milagre é que Santa Clara segura o cálice na mão.

“Clara de nome, mais clara de vida e claríssima de virtudes!
Na beleza deste nome um modo de ser.
Na grandeza deste nome a dignidade de ser mulher e santa.
Na força deste nome um programa de vida.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Um comentário:

  1. OI Myriam,

    Fiquei encantada com sua história pessoal. Estava procurando umas imagens dos Mestres e acabei entrando no seu blog e ficando, lendo e degustando.
    Adorei visitá-lo!
    Também possuo um e gostaria de sua visita algum dia lá.

    O link é: www.acayra.wordpress.com

    Fique bem na paz do Eu.

    Camila Moreira

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