O Divino Feminino na terra do Sol Nascente
No princípio era o Caos, apenas o Uno existindo no Nada.
Então, o Uno criou o casal divino, Izanaghi e Izanami, que deram origem por sua vez, às demais divindades do panteão japonês.
Da abóbada as duas deidades, segundo conta-se, atiraram uma pedra no caótico mar primevo, e ao retirá-la, surge a primeira ilha.
Para chegar a nova terra o Casal Divino constrói a “ponte sagrada”, um arco-íris que serve de ligação entre os mundos.
Utilizando-se do arco-íris as duas divindades desceram a Terra e se uniram em matrimônio, dando origem então às demais ilhas que compõem o território japonês.
Logo após o parto, Izanami que havia dado à luz o fogo (o Sol) foi queimada e morta pelo fogo ou Sol, Izanami desce ao mundo dos mortos – para onde Izanaghi segue posteriormente a fim de resgatá-la.
Após várias tentativas infrutíferas Izanaghi volta a Terra e purificando-se em um riacho dá origem, sozinho, a Amaterasu e seus dois irmãos, Yomí e Susano O, as três divindades mais importantes do Xintoismo, que na língua original significa “Via dos Deuses”.
O Sol, seu símbolo e reino ainda hoje permanecem como símbolo do povo japonês, com sua imagem estampada na bandeira dessa nação, o que nos mostra quão grande é a devoção do povo japonês por essa divindade que desde o início dos tempos permanece inalterada.
Em seu mito, Amaterasu é descrita como uma Deusa radiante e bondosa, invejada pelo seu irmão Susanowo, o Deus do Tufão, que passou a desrespeitá-la e a destruir suas criações.
Após agüentar a destruição das lavouras de arroz e a dessacralização dos seus templos, Amaterasu ficou tão magoada, que se enclausurou em uma gruta, recusando-se a sair.
Alarmados com o fenecimento da vegetação, o frio e a escuridão que se espalharam sobre a Terra, as outras divindades tentaram encontrar um meio para trazer a Deusa de volta.
Oito mil Deuses reuniram-se na frente da gruta fazendo muito barulho, enquanto Uzume, a deusa da alegria, fazia todos rirem com suas brincadeiras e os movimentos lascivos do seu volumoso ventre nu.
Curiosa com o motivo da algazarra e das risadas, Amaterasu abriu os véus que cobriam a entrada da gruta e sua figura refletiu-se em um enorme espelho de cobre, ali colocado pelas divindades. Ao se deparar com a linda imagem no espelho, Amaterasu sentiu-se enfeitiçada pela sua própria beleza e permaneceu estática, em contemplação.
Rapidamente, o Deus da Montanha fechou com rochas a entrada da gruta, enquanto deuses e mortais cantavam louvores ao esplendor de Amaterasu.
Comovida, ela cedeu aos pedidos e deixou-se conduzir de volta ao seu palácio dourado.
De lá, Amaterasu continua vigiando a Terra e suas lavouras e atende aos pedidos e orações, principalmente das mulheres que sofreram alguma violência da parte dos homens.
Considerada a responsável pelo cultivo dos campos de arroz, pelos canais de irrigação, artes têxteis e preparo da comida, Amaterasu é reverenciada até hoje no nascer e no pôr-do-sol, nos altares dos templos e das casas, principalmente pelas mulheres mais idosas.
Amaterasú, o Sol é a luz que resplandece ainda agora no céu japonês, iluminando os caminhos de seu povo e regendo com seus ciclos toda a vida dessa raça.
Amaterasu é a ancestral divina primordial, a senhora do brilho celeste e do calor solar, padroeira da agricultura e da tecelagem.
Às margens do rio Ise Wan, encontra-se um templo simples, de madeira, sem imagens, que guarda o sagrado espelho com oito braços da deusa e para onde milhares de peregrinos levam suas orações e oferendas.
Textos copiados dos sites: www.sadhana.com.br e http://brumasdotempo.blogspot.com
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