Os povos primitivos baseavam sua cultura na própria Natureza e as mudanças eram percebidas e celebradas.
Os rituais eram formas de conexão com a espiritualidade, e por danças, cantos e reflexões, o homem se ligavam às divindades, agradecendo pela colheita, fazendo pedidos e vivenciando simbolicamente os ciclos naturais. Isto indica a grande dependência que os homens têm em relação a Terra, ao Sol e à Lua, e os efeitos das estações em nossa vida.
Num eterno ciclo de nascimento, morte e renascimento, representado pelo também eterno romance entre a Natureza (Deusa) e o Sol (Deus).
Através dessa simbologia tão singela, as estações do ano e as mudanças climáticas eram reconhecidas e respeitadas.
Para os povos que dependiam das colheitas para seu sustento, o ponto principal deste ciclo místico é a produção de alimentos por meio da união entre o Deus e a Deusa.
Denominada como a Roda do Ano, a celebração de cada Sabbat (ou Festival) é uma experiência espiritual intensa e sublime que permite-nos permanecer em equilíbrio harmonioso com as forças da Mãe Natureza.
A Roda do ciclo anual possui oito datas de celebrações especiais que são denominadas sabbat (ou Festivais) que tem por objetivo sincronizar a nossa energia com as Estações do Ano, ou seja, com os ciclos do Planeta terra e do Universo.
Ela descreve o caminho do Sol durante o ano, representando as várias fases do Deus: seu nascimento, crescimento, união com a Deusa, e, finalmente, seu declínio e morte.
Da mesma forma que o Sol nasce e se põe todos os dias, e da mesma forma que a Primavera faz a Terra renascer após o Inverno, o Deus nos ensina que a Morte é apenas um ponto no ciclo infinito de nossa evolução para podermos renascer do Útero da Mãe.
Nesses festivais, celebramos a Natureza, dançando, cantando, consumindo alimentos da época, agradecendo, relembrando e honrando deidades da Antiguidade.
Os Sabbats, também conhecidos como a "Grande Roda Solar do Ano", têm sido celebrados sob formas diferentes por quase todas as culturas no mundo.
São conhecidos sob vários nomes e aparecem com freqüência na mitologia.
Tudo o que é dito no mito da Roda do Ano é um reflexo do que acontece na Natureza, tanto em humanos quanto em animais ou plantas.
É a famosa frase: Tanto em cima quanto embaixo. Ou seja: o que acontece na Natureza acontece conosco...
A partir da época em que estamos, seguem as próximas celebrações:
Yule ou Solstício de Inverno (21 de junho): onde na noite mais longa do ano, percebemos o quão conectados estamos com a Deusa e o seu filho que nasce (o retorno do Sol).
Na Natureza, a terra está em período de repouso.
Os animais hibernam, é tempo de quietude...
Em nós, é tempo de reflexão, introspecção, acalentar novas esperanças, idealizar projetos.
A escuridão nos remete ao renascimento de todas as coisas, inclusive de nossas próprias atitudes e sentimentos.
Imbolc ou Candlemas (1° de agosto): a Deusa após o período de resguardo do parto, aparece como a Mãe nutridora O Deus (Sol) está lentamente aumentando sua força a cada dia... Na Natureza, os dias vão ficando mais longos e o frio vai diminuindo, dando lugar a um Sol meio tímido .
A terra sob nossos pés acolhe a semente. Vamos "acordando" do sono do Inverno, querendo sair mais, estar em contato com os outros, respirando o ar menos gelado.
Ostara (21 de setembro): o Deus (Sol) cresceu, tornando-se um jovem adulto.
Ele está passando pela puberdade e suas forças são refletidas na vitalidade e no crescimento das plantas.
Ele está crescendo novamente.
A Deusa é agora uma bonita Virgem da Primavera, jovem, donzela dos novos ventos e esperanças que cobre a terra com seu manto de fertilidade; despertada de Seu repouso, enquanto o Deus se desenvolve e amadurece.
Ele caminha pelos campos a verdejar, e delicia-se com a abundância da natureza.
Na Natureza acontece uma explosão de cores, de flores, de energia e vitalidade.
Em nós, este é um período de iniciar, de agir, de plantar para ganhos futuros, e de cuidar dos jardins.
Beltane (31 de outubro): marca a chegada da virilidade dos jovens Deuses.
Agitados pelas energias em ação na natureza, os dois jovens (o Deus e a Deusa) se apaixonam: O calor (Deus-Sol) fertiliza a terra (a Deusa), fazendo com que as sementes germinem e brotem.
Deus e Deusa deitam-se entre a relva e os botões de flores, e se unem.
A Deusa fica grávida do Deus.
A Natureza transborda vida.
Em nossos corações é tempo de retorno da vitalidade, da paixão e da consumação das esperanças; momento de nos mostrarmos e anunciarmos a que viemos.
Litha ou Solstício de Verão (21 de dezembro): momento em que o poder do Sol chega ao seu ápice, onde o poder da luz se encontra acima da escuridão, garantindo poder e proteção. Ele é um adulto e tornou-se Pai (dos grãos), devido a sua união com a Deusa em Beltane. Nesse instante o Sol transforma as forças da destruição com a luz do amor e da verdade.
As flores, as folhagens e os gramados encontram-se em abundância na Natureza.
É o dia mais longo do ano.
Em toda a plenitude e poder, o Sol traz o calor do Verão e a promessa total de fertilização do solo, dos grãos, para que haja uma colheita farta e abundante.
Nesse período celebramos a abundância, a luz, a alegria, o calor e o brilho da vida.
Animais crescem livres e sabem que os raios protetores do Sol irão prover suas necessidades.
Lammas ou Lughnasadh, o meio do verão (2 de fevereiro): Marca o início da decadência do Deus.
Ele inicia sua despedida.
É a época da primeira colheita, quando as plantas da primavera murcham e derrubam seus frutos ou sementes para garantir nosso consumo e para assegurar futuras safras.
O verão está mais ameno; podemos sentir isso no alaranjado do céu, na sensação de "fim de férias" e a volta aos afazeres tradicionais.
Nós vamos percebendo a mudança de atitudes, a fase das férias acabou e a tranqüilidade e rotina voltam a nossas vidas.
Não só o Sol começa a enfraquecer, mas todos nós vamos ficando mais introspectivos à medida que o outono vai se aproximando.
Mabon ou Equinócio de Outono (21 de março): o Deus se prepara para abandonar Seu corpo físico e iniciar a grande aventura rumo ao desconhecido, em direção à renovação e ao renascimento em Yule pela Deusa.
Na Natureza acontece o término da colheita iniciada em Lammas.
Mais uma vez o dia e a noite tem a mesma duração, equilibrados.
Nós também ajustamos o nosso movimento interno, equilibrando atitudes.
Samhain (1 de maio): A Deusa chora diante da morte do Deus, mesmo sentindo o fogo que queima dentro de Seu útero.
Ela sabe que é um adeus temporário.
Ele não está envolto em trevas eternas, mas prepara-se para renascer novamente através dela em Yule e re-iniciar o ciclo...
A natureza retrocede, recolhe sua fartura, preparando-se para o inverno e seu período de repouso. Nós ficamos mais friorentos, pensativos, reflexivos...
É tempo de aquietar a mente e o coração...
Até que Yule retorne...
Dessa forma alegórica e muito singela, comemoramos cada mudança de estação, percebendo a Natureza e percebendo a nós mesmos, conhecendo um pouco mais sobre esse grande mistério que é a vida.
E quanta "magia" ela contém...
Agradecimento - A terapeuta holística Mirhyam Conde Canto escreve periodicamente no site da Ana Maria Braga. E você também pode entrar em contato com ela, por meio do blog www.mirhyamcanto.blogspot.com, e-mail: mirhyamcanto@uol.com.br ou telefones (11) 2296-9255 ou (11) 98489-3858.
Texto publicado 24.06.2009 em http://anamariabraga.globo.com/canais/Zen/sabbats.html
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