15 de Março - Calendário Mágico

Nesta data na antiga Roma, o Festival de Átis e Cibele começava com uma procissão de carregadores de junco para comemorar o achado da criança Átis entre os juncos.

O Mito de Átis relata que ele estava para se casar com a filha de um rei, quando sua mãe, estando apaixonada por ele, tornou-o louco.
Átis, na loucura, ou no êxtase, castrou-se diante de Cibele, causando muita tristeza à Grande Deusa.

Pesquisa de Rosane Volpatto:

Abundam as lendas sobre a origem de Atis.
A história mais antiga relata que Cibeles era andrógina, e e quando seus genitais masculinos amputados tocaram o solo cresceu uma amendoeira: seus frutos geraram Atis.
Em algumas ocasiões, há relatos que narram a dor da Deusa pela m
orte de Atis;
outras vezes, descrevem sua ira vingativa ao apaixonar-se por ele uma mulher mortal.
Outras lendas ressaltam a figura do pinheiro, embaixo do qual se encontrava quando se castrou ou foi castrado por uma foice.
Está claro, que todas essas lendas e imagens diferentes apontam um culto muito antigo, em que cada lugar teria sua própria versão do mito.
Nelas, ele é descrito usando: um gorro frigio pontiagudo, uma camisa solta, as vezes aberta, de forma a deixar a barriga descoberta, um manto ou uma calça folgada.
Pode cavalgar sobre o carneiro ou conduzir um carro tirado pelos carneiros.
Toca um sino ou uma flauta de sete tubos.
Raios de Sol, espigas de trigo ou frutas surgem de seu gorro, proclamando-o um deus solar e deus da regeneração.
Em seus rituais o chamavam "o talo do cereal" ou "a espiga de trigo" e seus símbolos era a pinha e a rom
ã.
Era o senhor do gado, das ovelhas e das plantas.
Está relacionado também com Eón, o deus do tempo, e com os deuses Dionisio e Orfeu.
A relação entre Cibeles e Atis confirma uma vez mais a imagem do matrimônio sagrado entre a Deusa e o Deus, ou entre a Deusa e o rei, que antigamente personificava ao Deus do ano, que era sacrificado e desmembrado, real ou simuladamente, durante o ritual primaveril de fertilidade.
Em Roma, os Mistérios de Atis se celebravam de 15 a 29 de março, enquanto que os de Cibeles tinham lugar em abril.
Em 15 de março se levavam juncos cortados em procisão pela cidade, talvez para recordar os juncos do rio Gallus em Frigia, onde, segundo uma lenda, Atis foi encontrado menino e criado por pastores.
Originalmente, o próprio Atis se havia encarnado em juncos.
Em 22 de março se cortava um pinheiro dos muitos que cresciam no arvoredo sagrado perto do templo de Cibeles.
Era então decorado com tiras e violetas, porque se dizia que dessa flor brotava o sangue do deus.
O pinheir
o, de folha perene, simbolizava a vida eterna.
Dessa forma se chorava a Atis, deus da vegetação morto e ressuscitado.
Em 24 de março, o dia do sangue, o dia da lamentação pela morte de Atis se celebrava o "taurobolium", o sacrifício do touro, e suas genitais eram oferecidas à Deusa.
Nesse dia os sacerdotes se flagelavam, roçando o altar e a efígie de Atis com seu sangue, e os devotos se castravam.
Esses ritos representavam o desmembramento do deus, força vital da terra; dito desmembramento era encenado de maneira parecida com os rituais dionisíacos e órficos, e muito provavelmente também nos rituais cananeus detestados pelos profetas.
Se colocava a Atis em sua tumba na véspera de 25 de março, quatro dias depois do equinócio da primavera (HN), ao acabar um período de jejum e abstinência de 9 dias.
Se celebrava uma vigília que durava toda a noite "sagrada", até de manhã, que o sumo sacerdote saudava com essas palavras:
-"Sintam-s
e animados, novícios, por que o deus está salvo. A libertação de sua aflição também chega até nós".
Nesse dia s
e iniciava a festa da Hilaria, a Festa da Alegria, que celebrava o retorno de Atis de entre os mortos.
Para o povo, Hilaria era um dia de carnaval, festejos, bebida e libertinagem generalizada.
O último dia da festa era o descanso, e a efígie da Deusa, as vasilhas sagradas e os instrumentos ritualísticos eram levados ao rio para serem lavados em uma cerimônia

chamada "Lavatio".

Dia de Rhea
Na mitologia grega, Rhea foi a mãe de Zeus e irmã de Kronos, considerada como uma das mais influentes deusas em Creta, Arcadia e Phrygia.
Mãe dos deuses gregos, filha de Gaia e Urano, esposa de Kronos, reverenciada nas ilhas gregas, assimilada pelos romanos no culto de Bona Dea e Ops.
A velha senhora toca seu pandeiro enquanto observa o jovem Dionísio dançar entre os sátiros. Ela sorri pelo neto, que finalmente tem paz em sua vida, e suspira pelo calor e suor em seu rosto. Rhea Cybele se afasta, discretamente, do círculo de bacantes e senta-se numa pedra.
Estica pernas, pousa o pandeiro no chão e ajeita a coroa de torres.
A deusa descansa, deixando a saia de babados cair sobre o colo.
A dama pensa em todas as pradarias e campos pelo qual seu garoto andou, em todas as formas de loucura que o acometeram até que retornasse à Creta e que, pelas mãos preocupadas de Zeus, fosse entregue aos seus cuidados.
Se Rhea fosse mortal, não estaria tão bela a essa altura da vida.
Mas os deuses são assim, não morrem jamais.
Seu cabelo ainda é negro e grosso, seus seios ainda são firmes, sua pele é branca como leite de leoa.
Mas Rhea tem, na mente e no coração, toda a sabedoria que só as deusas mais antigas, aquelas que já viram quase tudo, podem carregar.
Por isso, e por ser muito parecida com o neto, a Grande Mãe foi a única que conseguiu curar o menino Dionísio da loucura de Hera.
A deusa coloca o pandeiro no chão, estica as mãos e ajeita as serpentes que se enroscam por sua roupa.
As cobras sempre a fazem lembrar da criança serpente, a mãe de Dionísio, a jovem Perséfone.
A deusa puxa pela memória a época do ano e percebe que, em breve, ela retornará para o marido no Mundo dos Mortos.
Quando esse tempo chega, a senhora deixa Dionísio mais uma vez aos cuidados de Sileno e parte para acompanhar a filha, Deméter, em seu período de reclusão.
Engraçado, pensa a deusa, que mesmo com os filhos no comando do Olimpo, ela cuida da maior parte deles e de suas vidas, como se fosse sua própria vida.
Como se fosse parte integrante e essencial desse mundo do alto.
Mas Ela sabe que não é.
A Senhora das Criaturas Selvagens sabe que seu lugar é na terra, junto das serpentes.
Não na distância sofisticada do Monte Olimpo.
Ela sobe, de tempos em tempos, para agradar seus filhos, para ver suas crias e dividir-se entre netos e bisnetos.
Mas ela gosta da terra fria e do barulho dos sátiros, da flauta de Pan e de acompanhar Dionísio em suas andanças pelo mundo.
Ela gosta de tocar o pandeiro e de se exaurir em dança, coisa que seus filhos não entendem e não fazem.
Mas, por ora, a deusa esquece de suas funções como mãe dos olimpianos e retorna ao cortejo do neto.
De azul e branco, coroada de torres e com serpentes pelos braços e cinturas, Rhea Cybele é, mais uma vez, a senhora do êxtase, dos castrati, da concepção e da terra.
Por ora, ela dança, com pandeiro e passos labirínticos.
E se exaure na loucura – agora saudável – do neto Duas Vezes Nascido.

Crédito da imagem: Cybele, de Sandra M. Staton - Postado por MagnaMater no blog: http://matermagna.blogspot.com


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