Sou uma bruxa porque...


Sempre que abro os olhos ao despertar,
me emociono por mais um dia para viver,
livre e comprometida com as coisas e as causas da Grande Mãe.

Neste momento procuro refletir a respeito dos tantos dias que nos foram tirados,
por inveja, injúria e cobiça e peço luzes e força a Deusa Mãe para o dia de hoje.

Sou uma bruxa porque
ao abrir as janelas e respirar o ar da manhã, agradeço a Deusa pelo dom da vida,
e celebro o pai ar pela sua presença em mim.

Sou uma bruxa porque
ao me alimentar, celebro aquele bendito alimento e bendigo todos aqueles que
contribuíram com seu trabalho para que o mesmo chegasse a minha mesa.

Sou uma bruxa porque
sempre de alguma forma renasce o amor em mim, e minha alma agradecida transmite luz.

Sou uma bruxa porque
sempre me envolvo e me comprometo a serviço da justiça e da paz no mundo.

Sou uma bruxa porque
estou sempre insistindo em abrir as portas do meu coração
para transmitir os ensinamentos dos antigos
e facilitar o despertar da grande arte nos corações dos que me cercam.

Sou uma bruxa porque
estou sempre acendendo um fósforo sem maldizer a escuridão.

Sou uma bruxa porque
busco a verdade sem jamais me conformar com a mentira e o subterfúgio.

Sou uma bruxa sempre
que renuncio ao egoísmo e procuro ser generosa.

Sou uma bruxa
quando sorrio para alguém, mesmo estando muito cansada, pois conheço o valor do sorriso.

Sou uma bruxa
quando preparo um chá que vai curar,
ou pelo menos amenizar a enxaqueca daquela vizinha chata.

Sou uma bruxa
quando tomo um animal em meu colo para lhe amenizar a dor.
Quando planto e colho uma erva e agradeço a Gaia por tamanha dádiva.

Sou uma bruxa
quando persigo a luz de uma estrela com o olhar e o coração nas trevas que nos circundam.
Quando levo a fé nos Deuses por entre linhas, apenas com minhas ações.

Sou uma bruxa
quando em rijo, sinto o rio do sangue da vida que escoa nas minhas entranhas.
Quando sou fogo que estimula o coito, e água que transforma e modifica cursos.

Sou uma bruxa porque
me aconchego no seio sagrado da terra, voltando ao colo sagrado.
Quando abro o circulo invocando os ventos do norte,
buscando no canal dos antigos o néctar do renascer.

Sou uma bruxa porque
quando falo em liberdade me sinto águia.
Quando falo de sabedoria me sinto coruja e
quando falo do belo me sinto arara.

Sou uma bruxa porque
estou sempre atenta ao perfume, que não posso derramar no próximo
sem que também me atinja e a lei tríplice se faz em mim.

Sou uma bruxa
quando vivencio o sabor do pão partilhado.
Quando procuro pedir perdão e recomeçar.

Sou uma bruxa quando
me recolho ao silêncio perante um julgamento preconceituoso ou injusto a meu respeito,
entrego ao tempo, único polo óptico da verdade imutável.

Sou bruxa
quando desenvolvo em meu ser a humildade de viver e morrer como o grão de trigo,
para depois frutificar searas de luz, de tenacidade e esplendor.

Sou uma bruxa porque
estou sempre ressurgindo das cinzas como Fênix.
E assim, retomar a minha vivência concreta,
cujo itinerário principal é a minha Deusa interior, forte, guerreira, translúcida, serena e amorosa a despertar em mim.

Por tudo isso sou uma bruxa!

Por Graça Lúcia Azevedo/Suma Sacerdotisa do Templo Casa Telucama


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